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PODER PARALELO
Fuga incluiria Norambuena e Marcola, líder do PCC; 80 homens invadiriam penitenciária de Presidente Bernardes
PF descobre plano de resgate de Beira-Mar
JOSÉ MESSIAS XAVIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Investigadores federais descobriram um plano de resgate dos
presidiários Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
do seqüestrador chileno Maurício
Hernandez Norambuena, e de
Marco Willians Herbas Camacho,
o Marcola, um dos líderes do PCC
(Primeiro Comando da Capital).
Eles seriam libertados da carceragem da penitenciária de Presidente Bernardes (589 km de SP),
por 80 homens das facções criminosas PCC, de São Paulo, e do Comando Vermelho (CV), do Rio.
Segundo um relatório da Polícia
Federal, a que a Folha teve acesso,
o grupo estaria fazendo um levantamento da estrutura da penitenciária e das forças policiais que
protegem o local. Usariam um
trator ou veículo blindado para
arrombar o portão principal da
penitenciária e invadi-la. Simultaneamente, deflagrariam rebeliões
em duas outras unidades prisionais paulistas para dividir as forças policiais e desviar a atenção do
alvo da ação dos criminosos.
A investigação da PF revela que
um advogado de Fernandinho
Beira-Mar, que não foi identificado, conversou com uma das mulheres do traficante, revelando o
plano de resgatá-lo. Beira-Mar
pagaria R$ 500 mil pela liberdade.
Corre no Tribunal de Justiça do
Rio um recurso impetrado pelos
advogados de Beira-Mar pedindo
a suspensão do regime disciplinar
diferenciado (RDD) em Presidente Bernardes. Eles alegam que o
traficante já cumpriu o prazo máximo de 80 dias fixado por lei para
que uma pessoa fique submetida
ao RDD. Ele está sob o regime
desde maio de 2003. Caso saia,
poderá ser transferido para outra
unidade prisional.
O suposto plano para resgatar
Beira-Mar seria financiado por
Orlando Marques dos Santos, o
Velho Orlando, e Gilberto de Oliveira Filho, o Bilica. Estaria sendo
preparado por integrantes da
quadrilha de José Mário Ferreira,
o Zé Mário. Todos estão cumprindo pena em São Paulo.
Fuzis, metralhadoras e lançadores de bombas estariam sendo requisitados a traficantes ligados ao
CV no Rio e a Alexandre Pires
Ferreira, o Maskara, em São Paulo, para serem usados na ação. Em
liberdade, Beira-Mar fugiria para
Assunção, capital do Paraguai, segundo um de seus advogados informou para uma das mulheres
do traficante.
De acordo com os investigadores federais, Beira-Mar também
estaria se associando a Roberto
Soriano, o Betinho, para organizar a distribuição de armas e drogas no Rio de Janeiro e em São
Paulo. Segundo o traficante confidenciou a um advogado, designado por ele para encontrar-se com
Betinho na penitenciária de Araraquara e fechar o negócio, "a logística de Soriano é perfeita e ele
consegue abastecer sua região,
principalmente a favela de Heliópolis, na Grande São Paulo", disse
Beira-Mar.
O plano de resgate também
contaria, segundo o relatório da
PF, com um grupo estrangeiro,
possivelmente o Movimento de
Esquerda Revolucionário (MIR,
na sigla em espanhol), do Chile.
O interesse do grupo seria libertar Norambuena, que cumpre 30
anos de prisão por participar do
seqüestro do publicitário Washington Olivetto, em 11 de dezembro de 2001. Olivetto foi libertado
depois de 56 dias de cativeiro.
A libertação de Marcola, apontado pela polícia como chefão do
PCC, no entanto, não seria para
que ele fugisse da cadeia. Segundo
o relatório policial, ele seria executado para que outros integrantes ascendessem na organização.
O diretor de Combate ao Crime
Organizado da Polícia Federal,
delegado Getúlio Bezerra, que comandou a unidade que levou Beira-Mar à prisão, disse à Folha que
as informações do relatório não
serão comentadas pela PF.
No relatório, constam ameaças
ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e ao secretário de
Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa.
A Folha não conseguiu localizar
os advogados de Beira-Mar e dos
supostos envolvidos no plano.
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