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Cineasta convive com injeções no olho em filme e na vida real
DA REPORTAGEM LOCAL
FilmeFobia é o nome da obra
recém-produzida em que o cineasta Jean-Claude Bernardet
interpreta um personagem que
está ficando cego e recebe injeções nos olhos. A cena se repete
na vida do cineasta francês naturalizado brasileiro, que há
três anos tem degeneração macular no olho esquerdo.
Na obra do cineasta Kiko
Goifman -ainda não lançada, o
personagem de Jean-Claude
Bernardet é algo próximo a ele
mesmo. Trata-se de um personagem "fronteiriço" do gênero
autoficção. Por isso, a semelhança com o problema de visão que faz que Bernardet tenha que tomar injeções no olho
esquerdo desde 2005.
"Após ficar com a maculopatia em 2005, comecei a tomar
injeções que duravam cerca de
dois meses. Depois, a visão começava a falhar, escurecer. Algumas vezes, isso ocorria de
forma rápida. Agora o tratamento está conseguindo estabilizar melhor a doença. Já faz
seis meses desde a última injeção que eu tomei", conta.
Segundo o oftalmologista
Rubens Belfort, muitos pacientes precisam de três aplicações,
mas outros ainda têm que tratar por mais tempo, como
Jean-Claude, que já recebeu 11
injeções.
Os problemas de visão são
uma constante na vida do cineasta desde 1995, quando sofreu um derrame na mácula do
olho direito, danificando sua visão. Uma década depois, percebeu que o outro olho também
estava com problema.
"Estava em um restaurante e
o garçom trouxe o cardápio.
Perguntei se ele não traria uma
lanterninha para que eu pudesse ler. Estava com uma amiga
que disse que podia ler normalmente. Foi aí que me dei conta
de que a luz não estava mais
fraca, mais sim que havia acontecido algo com minha visão."
Os problemas porém, não
puderam parar sua produção
artística. Desde 1999, participou em pelo menos quatro produções. É o caso de "Carrego
Comigo" (como assistente de
direção em 2000) e Sobre Anos
60 (como diretor, em 1999).
Além disso, publicou livros como Caminhos de Kiarostami,
em 2005 (Cia. das Letras).
Jean-Claude veio ao Brasil
aos 13 anos. Ele é diplomado
pela "École des Hautes Études"
de Paris em Ciências Sociais e
doutor em artes pela ECA (Escola de Comunicações e Artes)
da USP. Ligado ao Cinema Novo, Bernardet consagrou-se no
meio como um dos roteiristas
dos filmes "O Caso dos Irmãos
Naves" de 1967, e "Um Céu de
Estrelas", de 1995.
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