São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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Cineasta convive com injeções no olho em filme e na vida real

DA REPORTAGEM LOCAL

FilmeFobia é o nome da obra recém-produzida em que o cineasta Jean-Claude Bernardet interpreta um personagem que está ficando cego e recebe injeções nos olhos. A cena se repete na vida do cineasta francês naturalizado brasileiro, que há três anos tem degeneração macular no olho esquerdo.
Na obra do cineasta Kiko Goifman -ainda não lançada, o personagem de Jean-Claude Bernardet é algo próximo a ele mesmo. Trata-se de um personagem "fronteiriço" do gênero autoficção. Por isso, a semelhança com o problema de visão que faz que Bernardet tenha que tomar injeções no olho esquerdo desde 2005.
"Após ficar com a maculopatia em 2005, comecei a tomar injeções que duravam cerca de dois meses. Depois, a visão começava a falhar, escurecer. Algumas vezes, isso ocorria de forma rápida. Agora o tratamento está conseguindo estabilizar melhor a doença. Já faz seis meses desde a última injeção que eu tomei", conta.
Segundo o oftalmologista Rubens Belfort, muitos pacientes precisam de três aplicações, mas outros ainda têm que tratar por mais tempo, como Jean-Claude, que já recebeu 11 injeções.
Os problemas de visão são uma constante na vida do cineasta desde 1995, quando sofreu um derrame na mácula do olho direito, danificando sua visão. Uma década depois, percebeu que o outro olho também estava com problema.
"Estava em um restaurante e o garçom trouxe o cardápio. Perguntei se ele não traria uma lanterninha para que eu pudesse ler. Estava com uma amiga que disse que podia ler normalmente. Foi aí que me dei conta de que a luz não estava mais fraca, mais sim que havia acontecido algo com minha visão."
Os problemas porém, não puderam parar sua produção artística. Desde 1999, participou em pelo menos quatro produções. É o caso de "Carrego Comigo" (como assistente de direção em 2000) e Sobre Anos 60 (como diretor, em 1999). Além disso, publicou livros como Caminhos de Kiarostami, em 2005 (Cia. das Letras).
Jean-Claude veio ao Brasil aos 13 anos. Ele é diplomado pela "École des Hautes Études" de Paris em Ciências Sociais e doutor em artes pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP. Ligado ao Cinema Novo, Bernardet consagrou-se no meio como um dos roteiristas dos filmes "O Caso dos Irmãos Naves" de 1967, e "Um Céu de Estrelas", de 1995.


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