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Primeira turma do Balé da Cidade de SP se reencontra 40 anos depois
A turma pode ser chamada de a primeira companhia estável de dança da cidade
GUSTAVO FIORATTI
DA REVISTA DA FOLHA
Com base no programa da
primeira apresentação do Balé
da Cidade de São Paulo -na
época chamado Corpo de Baile
Municipal- a reportagem promoveu o reencontro de parte
das 18 bailarinas e 14 bailarinos
que, há 40 anos, reuniram-se
para apresentar uma encenação de "La Traviata", de Verdi.
A turma pode ser chamada de a
primeira companhia estável de
dança da cidade.
O resultado dessa busca foi o
reencontro emocionado de 11
deles, no sábado, dia 7. Antes de
subirem ao palco para fazer a
foto principal que ilustra a reportagem, a turma de ex-colegas fez um mergulho sentimental no passado. "Foi emocionante lembrar de nossa época
no teatro, nosso trajeto ali dentro, passar por trás do palco, refazendo o caminho que percorríamos todos os dias para pegar
o elevador e ir até a cúpula, onde ensaiávamos", diz Mariangela D'Andrea, 58, que foi solista em grande parte das estréias
apresentadas até meados dos
anos 70 e hoje dá aulas na Escola Municipal de Bailado.
A procura pelos integrantes
dessa velha guarda começou há
cerca de dois meses. A partir da
lista dos aprovados na audição
pública, a reportagem rastreou
27 daqueles jovens, que tinham
de 16 a 22 anos na época. O
evento também ficou desfalcado de seis que moram fora de
São Paulo e de outros seis bailarinos que já morreram.
Para os 11 que deram as caras
na reunião, com direito a um
bolo de parabéns da confeiteira
Nininha Sigrist, a viagem no
tempo foi permeada de histórias contadas entre abraços.
No salão nobre do teatro,
muitas delas sacaram da bolsa
suas máquinas fotográficas para retratar uma mesma cena: de
um grupo de ex-bailarinos que
envelheceram mas que, de alguma forma, ainda trazem uma
elegância na postura, nos passos e nos movimentos sutis. Só
os cabelos bem vermelhos de
Cleusa Dias, que não revela a
idade, é que destoaram de um
perfil tão comportado.
A passagem dos anos naturalmente foi distanciando os
antigos colegas. "Algumas das
meninas eu não encontrava havia mais de 30 anos. Foi estranho", diz Elenice Ferreira, 55,
outra bailarina de destaque no
grupo, que hoje comanda sua
própria escola de dança.
O balé continuou presente na
vida de sete deles. Quatro ex-bailarinas ainda continuam na
ativa agora como professoras e
duas migraram para funções
secundárias da área.
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