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País deve focar prevenção às drogas, dizem especialistas
Para eles, descriminalizar uso não é melhor solução
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
Especialistas no combate a
drogas e álcool, reunidos ontem em evento do Ministério
Público de SP, acreditam que
o Brasil não está no momento
de discutir se deve descriminalizar o uso de drogas, mas,
sim, de debater a adoção de
ações fortes de prevenção.
Para eles, sem sistema que
evite que o número de usuários continue a crescer, não
se pode pensar em descriminalizar, pois isso só ampliaria o total de dependentes.
A referência à descriminalização deve-se ao documentário "Quebrando o Tabu",
com o ex-presidente Fernando Henrique (PSDB).
No filme, em cartaz, ele defende a descriminalização de
drogas leves, o que combateu quando na Presidência.
Para Ronaldo Laranjeira,
coordenador do evento e diretor do Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e
Outras Drogas, a posição do
filme não é a melhor solução.
"A própria cracolândia
mostra que não há criminalização do uso. As pessoas consomem ao lado da polícia,
que não faz nada", afirmou.
"O uso público não poderia ser tolerado. Essas pessoas teriam que ser tratadas.
Vamos discutir a criação de
um sistema de tratamento e
de prevenção. Esse é o tabu."
Ken Winters, do Departamento de Psicologia da Universidade de Minnesota e do
Instituto de Pesquisas de Tratamentos da Filadélfia, defende o modelo adotado nos
EUA -e criticado no filme
por ex-presidentes do país.
Lá, o usuário é processado
(sem importar a quantidade
de droga). Dependendo do
Estado, é punido com multa,
liberdade assistida, serviço
comunitário ou cadeia.
No Brasil, pela lei 11.343/
2006, quem for pego com
droga para uso pessoal pode
ser advertido, ter de prestar
serviço comunitário ou medida socioeducativa. Mas
quem decide qual quantidade caracteriza "uso pessoal"
é o juiz. Nos EUA, isso é definido por lei, diz Winters.
"Se você abre a porta um
pouquinho, as pessoas vão
querer abrir mais e mais."
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