São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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BARBARA GANCIA

Daslu ou Daslula?

Sei, sei. A senadora Heloisa Helena, que até prova em contrário votou contra a cassação de Luiz Estevão, é a musa das CPIs. E a comerciante Eliana Tranchesi, que mantém 140 crianças na creche de sua loja e oferece escola até a sexta série para filhos de funcionários (com direito a aulas de inglês, balé, capoeira e costura), é vilã.
Sejamos realistas: quantos negócios de importados conseguem sobreviver pagando rigorosamente todos os impostos que são enfiados na goela do comércio? Não falo de lojas que pertencem a grandes corporações e são cotadas em bolsa como a Dior, a Tiffany"s ou a Louis Vuitton. Essas andam na linha. Mas será que existe algum comércio desse tipo que pode se dar ao luxo de não ter caixa dois?
O jurista Dalmo Dallari usou um descabido tom raivoso para dizer, na rádio CBN, logo após a detenção da comerciante, que Eliana Tranchesi é símbolo da desigualdade social.
Alô, ilustríssimo doutor Dallari! O senhor preferiria que a Daslu e os mil empregos diretos que ela gera não existissem? Em lugar nenhum o consumo de luxo causa tanta ira quanto aqui. Só entre nós ainda há quem não entenda que consumir é gerar emprego e prosperidade.
Saiba, doutor Dallari, que a sala que mais chama a atenção na Daslu não é aquela onde está instalada a loja da Chanel ou a da Prada. A sala mais linda da Daslu é a que abriga 36 costureiras, todas funcionárias antigas da casa. Eliana Tranchesi achou que elas mereciam ter instalações privilegiadas e a mais bela vista do prédio. Nem mesmo a sala da dona chega aos pés.
Em protesto pela abertura da nova Daslu, Carlos Massa, o Ratinho, distribuiu bolsas piratas das marcas Gucci e Dior para seu público. Por que a Polícia Federal não foi ao SBT perguntar ao apresentador onde ele arranjou a mercadoria falsificada?
No Alvorada, o presidente diz que as reportagens sobre a empresa do filho são "intrusão" em sua "vida privada". Uma empresa que pertencia ao secretário de Comunicação aumenta seu faturamento ao obter contratos com o governo e, quando o fato vem à tona, em vez de ser demitido, ele é apenas rebaixado.
Se a inversão de valores é a ordem do dia, somos forçados a admitir que Eliana Tranchesi, assim como o petista com dinheiro na cueca, não fez nada que outros não façam. Com a diferença de que ela nunca aparelhou governos de forma stalinista nem teve a pretensão de distribuir 20 mil cargos públicos entre as dasluzetes.

QUALQUER NOTA

Fim da novela
Robinho quer mesmo ir? Então que se faça o seguinte: o Santos estende seu contrato atual (que expira em 2008) até 2010 e o empresta agora ao Real Madrid por dois anos. O jogador passa a valer 100 milhões e todos (clube, empresário e Robinho) lucram. E se o Real não quiser, algum Chelsea ou Inter irá querer. Diz um santista ilustre meu amigo que qualquer solução além dessa é má intenção ou má administração.

Chá de sumiço
Alguém viu o Aloysio Mercadante por aí? Já deve ter petista começando a ter saudades do senador...

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