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BARBARA GANCIA
Daslu ou Daslula?
Sei, sei. A senadora Heloisa
Helena, que até prova em
contrário votou contra a cassação
de Luiz Estevão, é a musa das
CPIs. E a comerciante Eliana
Tranchesi, que mantém 140
crianças na creche de sua loja e
oferece escola até a sexta série para filhos de funcionários (com direito a aulas de inglês, balé, capoeira e costura), é vilã.
Sejamos realistas: quantos negócios de importados conseguem
sobreviver pagando rigorosamente todos os impostos que são enfiados na goela do comércio? Não
falo de lojas que pertencem a
grandes corporações e são cotadas em bolsa como a Dior, a Tiffany"s ou a Louis Vuitton. Essas
andam na linha. Mas será que
existe algum comércio desse tipo
que pode se dar ao luxo de não ter
caixa dois?
O jurista Dalmo Dallari usou
um descabido tom raivoso para
dizer, na rádio CBN, logo após a
detenção da comerciante, que
Eliana Tranchesi é símbolo da desigualdade social.
Alô, ilustríssimo doutor Dallari!
O senhor preferiria que a Daslu e
os mil empregos diretos que ela
gera não existissem? Em lugar nenhum o consumo de luxo causa
tanta ira quanto aqui. Só entre
nós ainda há quem não entenda
que consumir é gerar emprego e
prosperidade.
Saiba, doutor Dallari, que a sala que mais chama a atenção na
Daslu não é aquela onde está instalada a loja da Chanel ou a da
Prada. A sala mais linda da Daslu é a que abriga 36 costureiras,
todas funcionárias antigas da casa. Eliana Tranchesi achou que
elas mereciam ter instalações privilegiadas e a mais bela vista do
prédio. Nem mesmo a sala da dona chega aos pés.
Em protesto pela abertura da
nova Daslu, Carlos Massa, o Ratinho, distribuiu bolsas piratas das
marcas Gucci e Dior para seu público. Por que a Polícia Federal
não foi ao SBT perguntar ao
apresentador onde ele arranjou a
mercadoria falsificada?
No Alvorada, o presidente diz
que as reportagens sobre a empresa do filho são "intrusão" em sua
"vida privada". Uma empresa
que pertencia ao secretário de Comunicação aumenta seu faturamento ao obter contratos com o
governo e, quando o fato vem à
tona, em vez de ser demitido, ele é
apenas rebaixado.
Se a inversão de valores é a ordem do dia, somos forçados a admitir que Eliana Tranchesi, assim
como o petista com dinheiro na
cueca, não fez nada que outros
não façam. Com a diferença de
que ela nunca aparelhou governos de forma stalinista nem teve a
pretensão de distribuir 20 mil cargos públicos entre as dasluzetes.
QUALQUER NOTA
Fim da novela
Robinho quer mesmo ir? Então
que se faça o seguinte: o Santos
estende seu contrato atual (que
expira em 2008) até 2010 e o
empresta agora ao Real Madrid
por dois anos. O jogador passa
a valer 100 milhões e todos
(clube, empresário e Robinho)
lucram. E se o Real não quiser,
algum Chelsea ou Inter irá querer. Diz um santista ilustre meu
amigo que qualquer solução
além dessa é má intenção ou
má administração.
Chá de sumiço
Alguém viu o Aloysio Mercadante por aí? Já deve ter petista
começando a ter saudades do
senador...
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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