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SOB NOVA DIREÇÃO
Humberto Costa diz que legislação visa punir quem não aplicar verba no setor e teme um retrocesso
Ex-ministro elogia lei criticada por sucessor
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT) defendeu ontem
o projeto da Lei de Responsabilidade Sanitária -a ser revisto por
seu sucessor, Saraiva Felipe
(PMDB)-, dizendo que as punições previstas no texto visam evitar a atuação de "pessoas irresponsáveis e mal-intencionadas".
A proposta de lei, em consulta
pública desde o mês passado, cria
metas e obrigações para cada esfera de governo no SUS (Sistema
Único de Saúde). Caso não sejam
cumpridas, também traz punições, que vão da perda de direitos
políticos até a prisão.
Em entrevista à Folha nesta semana, o novo ministro afirmou
que pretende reavaliar o texto.
Entende que, da forma original,
trata de penalidades sem definir
claramente as responsabilidades.
"Do jeito que está, eu jamais gostaria de ser gestor em nível nenhum", disse o ministro.
Ontem, em entrevista por telefone, Costa afirmou ter usado os
moldes da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) -que estabelece
regras para contas públicas e penalidades ao administrador que
descumpri-las- para montar a
proposta da sanitária.
"A LRF [sancionada em 2000]
fez com que as pessoas não quisessem ser governadores, prefeitos nem presidente? Pelo contrário, a cada eleição há mais candidatos. A lei não é para gerar pânico nos bons e bem-intencionados
gestores", rebateu Costa.
E completou: "É para evitar que
as pessoas irresponsáveis, mal-intencionadas e sem compromisso
com o SUS continuem agindo impunemente, como é hoje".
Para o ex-ministro, sugestões de
mudanças no texto poderiam ser
feitas durante a consulta pública a
que o texto está sendo submetido.
"O que preocupa é a possibilidade de um retrocesso naquilo
que seria uma das principais marcas do governo Lula em relação à
implementação do SUS", disse.
Responsáveis
Segundo Saraiva Felipe, a idéia
da lei é boa, mas ele defende uma
proposta que vise proteger os
usuários do SUS. "Temos que redefinir os papéis e deixar claro para o usuário quem são os responsáveis", afirmou. Para exemplificar, usou o fornecimento de energia: "Se falta luz em casa, o consumidor sabe a quem recorrer".
A proposta que está em consulta pública prevê a criação nos Estados e municípios de sistemas
para monitorar e avaliar os projetos para o setor. Esses planos trariam as metas anuais e os prazos a
serem cumpridos, além de recursos previstos. A partir daí, seriam
feitos relatórios de gestão, uma
espécie de prestação de contas.
Em caso de descumprimento de
metas, seria assinado um termo
de ajuste de conduta, com novos
prazos. Se o termo falhasse, aí as
sanções seriam aplicadas.
"As penas duras serão aplicadas
a quem não cumprir as metas por
descaso, irresponsabilidade, desvio de dinheiro ou falta de compromisso com o SUS", afirmou
Costa, lembrando que o texto foi
discutido com o presidente Lula
antes de ir à consulta pública.
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