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Thomaz Bastos quer presença ostensiva das Forças Armadas
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Na reunião com o governador Cláudio Lembo o ministro
da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, defendeu a presença
ostensiva das Forças Armadas
em São Paulo, especialmente o
Exército, para inibir os ataques
do PCC. Conforme a Folha antecipou ontem, a União já tem
um plano esquematizado para
essa hipótese, que não está descartada e será novamente discutida na próxima semana, em
São Paulo e em Brasília.
Thomaz Bastos disse ao presidente Lula, após a reunião,
que Lembo tinha se interessado e feito muitas perguntas sobre os prós e os contras da participação militar ostensiva, deixando a possibilidade em aberto. Quem mais resiste à idéia é
o secretário de Segurança Pública, Saulo de Abreu Filho.
Tanto Lembo não fechou as
portas à medida que marcou
para segunda reunião com o
comandante militar do Sudeste, general-de-Exército Luiz
Edmundo de Carvalho -que
esteve nas reuniões de ontem.
Ele é oficial de inteligência e já
serviu no conflagrado Irã.
O próprio ministro também
vai repetir, provavelmente na
próxima quinta-feira, a reunião
de anteontem com os comandantes do Exército, da Marinha
e da Aeronáutica e os chefes do
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, da Polícia Federal e da Abin (Agência
Brasileira da Inteligência).
No encontro com Lembo,
Thomaz Bastos fez ressalvas
em tese quanto à entrada do
Exército em qualquer operação
típica de segurança pública,
mas defendeu que a situação
admite a excepcionalidade.
Ele deixou claro que a idéia
"não é substituir a polícia, é
agregar". Falou que um cenário
com helicópteros militares sobrevoando as cidades, tanques
e soldados nas ruas teria um
"poder dissuasório" importante. Citou os exemplos de Rio,
Minas e Espírito Santo.
Na sua avaliação, transmitida a Lembo, os bandidos que
têm executado as ações nas
ruas a mando do PCC são "pés-de-chinelo", ficariam amedrontados e teriam menos mobilidade para agir.
Lembo não discordou incisivamente, ao contrário de seu
secretário, temeroso quanto à
possibilidade de retaliação ainda maior do PCC. A conversa
ficou em aberto. O que ficou
acertado foram os recursos federais para reforma de penitenciárias e equipamentos de
inteligência como raio-X, para
detectar metais, e espectrômetro, capaz de, por exemplo, captar a presença de drogas.
Os dois lados -União e Estado- também se dedicam a estudar uma megaoperação de
transferência de presos de alta
periculosidade, inclusive para
fora de São Paulo, mas nenhum
dos dois quer admitir publicamente porque o efeito surpresa
seria fundamental.
O passo mais imediato, como
acordado entre os dois, é identificar e catalogar todos os escalões do PCC e desbaratar a
quadrilha principal e as correlatas. O Exército já participa diretamente dessa operação.
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