São Paulo, sábado, 15 de julho de 2006

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Thomaz Bastos quer presença ostensiva das Forças Armadas

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Na reunião com o governador Cláudio Lembo o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, defendeu a presença ostensiva das Forças Armadas em São Paulo, especialmente o Exército, para inibir os ataques do PCC. Conforme a Folha antecipou ontem, a União já tem um plano esquematizado para essa hipótese, que não está descartada e será novamente discutida na próxima semana, em São Paulo e em Brasília.
Thomaz Bastos disse ao presidente Lula, após a reunião, que Lembo tinha se interessado e feito muitas perguntas sobre os prós e os contras da participação militar ostensiva, deixando a possibilidade em aberto. Quem mais resiste à idéia é o secretário de Segurança Pública, Saulo de Abreu Filho.
Tanto Lembo não fechou as portas à medida que marcou para segunda reunião com o comandante militar do Sudeste, general-de-Exército Luiz Edmundo de Carvalho -que esteve nas reuniões de ontem. Ele é oficial de inteligência e já serviu no conflagrado Irã.
O próprio ministro também vai repetir, provavelmente na próxima quinta-feira, a reunião de anteontem com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica e os chefes do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, da Polícia Federal e da Abin (Agência Brasileira da Inteligência).
No encontro com Lembo, Thomaz Bastos fez ressalvas em tese quanto à entrada do Exército em qualquer operação típica de segurança pública, mas defendeu que a situação admite a excepcionalidade.
Ele deixou claro que a idéia "não é substituir a polícia, é agregar". Falou que um cenário com helicópteros militares sobrevoando as cidades, tanques e soldados nas ruas teria um "poder dissuasório" importante. Citou os exemplos de Rio, Minas e Espírito Santo.
Na sua avaliação, transmitida a Lembo, os bandidos que têm executado as ações nas ruas a mando do PCC são "pés-de-chinelo", ficariam amedrontados e teriam menos mobilidade para agir.
Lembo não discordou incisivamente, ao contrário de seu secretário, temeroso quanto à possibilidade de retaliação ainda maior do PCC. A conversa ficou em aberto. O que ficou acertado foram os recursos federais para reforma de penitenciárias e equipamentos de inteligência como raio-X, para detectar metais, e espectrômetro, capaz de, por exemplo, captar a presença de drogas.
Os dois lados -União e Estado- também se dedicam a estudar uma megaoperação de transferência de presos de alta periculosidade, inclusive para fora de São Paulo, mas nenhum dos dois quer admitir publicamente porque o efeito surpresa seria fundamental.
O passo mais imediato, como acordado entre os dois, é identificar e catalogar todos os escalões do PCC e desbaratar a quadrilha principal e as correlatas. O Exército já participa diretamente dessa operação.


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