São Paulo, sábado, 15 de julho de 2006

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Seis homens são mortos na Grande SP

Delegado diz que não crê em participação de policiais e que vítimas foram mortas por não atenderem a ordens do PCC

Investigações apontam que todos os assassinatos possuem ligação; alvos dos criminosos já tinham passagem pela polícia

SERGIO TORRES
EM SÃO PAULO

SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL

Seis homens foram mortos a tiros na noite de anteontem em quatro pontos do município de Carapicuíba (Grande São Paulo).Todos tinham passagens pela polícia por crimes como homicídio, assalto e tráfico.
As investigações iniciais da Polícia Civil indicam que os assassinatos estão interligados. Teriam sido praticados por grupos diferentes, mas sob uma única coordenação.
Embora tenha dito não haver pistas dos assassinos, o delegado Darlan Carlos Pinto, do 1º Distrito Policial, afirmou acreditar que as mortes não foram cometidas por policiais.
Pinto apontou o PCC como responsável pela matança. Segundo ele, a facção teria decretado a morte de criminosos que não aderiram aos ataques promovidos em maio e nesta semana. "O PCC tem um estatuto que prevê a morte de subordinados que não obedecerem às ordens dos superiores", disse.
As mortes começaram às 21h40, na rua José Ítalo de Camargo, no bairro Aldeia. O pintor Denilson Aparecido Soares, 23, andava de bicicleta quando dois homens em um Celta preto e com toucas atiraram contra ele. Depois que a vítima caiu, os assassinos passaram com o carro sobre o corpo.
Soares tinha sido preso duas vezes em 2003. A primeira, acusado de portar documento falso. A segunda, por uma acusação de homicídio.
Paulo Soares, 40, também pintor e tio da vítima, disse que o sobrinho era "tranqüilo". Ele não quis falar sobre suspeitos. "Ninguém viu nada. Não sei quem são os matadores. Só sei que mataram muita gente."
Dez minutos depois, João Eduardo Leandro, 38, foi morto a tiros dentro de um bar na estrada do Cabreúva.
Ninguém prestou depoimento. No boletim de ocorrência só consta que um "atirador ou atiradores" entraram na lanchonete Lima e balearam a vítima nas costas e braços. Leandro havia sido preso em 1987 sob a acusação de lesão corporal e em 2002, acusado por assalto.
A chacina prosseguiu às 23h20 na favela Santo Estevão. O corpo do servente Roberto Carlos de Almeida, o Tobezinho, 36, foi encontrado na rua Tibagi. Processada por furto e tráfico de drogas, a vítima foi baleada no peito.
Cinco minutos depois, foram mortos no bairro Vila Dirce o paraplégico Fábio Rodrigo de Oliveira Cunha, 24, e um homem negro de cerca de 25 anos, cuja identidade permanecia desconhecida até a noite de ontem. Cunha já havia sido preso por porte de arma, em 2002.
Pouco antes da meia-noite, no bairro Jardim Jequitibá, Roberto Félix Filho, 26, foi morto a tiros em um bar. Testemunhas contaram que os assassinos estavam encapuzados. Não falaram quantos eram. O dono do bar, com medo de represálias, disse apenas que os bandidos mandaram que o público se abaixasse antes de atirar.
Ele já tinha sido preso acusado de assalto e furto. No bar, foi ferido na perna direita João Medeiros Filho, 32, que responde a dois processos por furto. Ele está hospitalizado.


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