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Suzane abre mão da herança, mas quer gerir bens do irmão
Segundo os advogados, a ex-estudante planeja ajudar Andreas porque ele não tem tempo para cuidar do dinheiro
O espólio do inventário soma cerca de R$ 2 milhões; o julgamento dela e dos irmãos Cravinhos está marcado para segunda-feira
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Suzane von Richthofen, 22,
abriu mão de sua parte na herança dos pais, a quem ajudou a
matar a golpes de ferro. Vai
apenas administrar a parte do
irmão, Andreas, sem cobrar nada, só porque ele faz faculdade
de farmácia e estágio, e não tem
tempo de cuidar do dinheiro.
Isso foi o que disseram ontem os advogados de defesa dela, que, às vésperas do julgamento do processo criminal,
marcado para segunda-feira,
convocaram a imprensa para
falar da parte civil:
"Só tocamos nesse assunto
agora porque a juíza quebrou o
segredo de Justiça", explica o
advogado Denivaldo Barni, que
era amigo do pai de Suzane,
Manfred, e acolheu a moça em
casa depois do crime.
O espólio do inventário soma
cerca de R$ 2 milhões.
"Ela abriu mão de tudo desde
o início. Disse que não queria
nada, com a condição de que o
irmão não movesse um processo de exclusão de herança contra ela. Queria evitar uma atitude "feia" dele, mas não conseguiu o acordo. Mesmo assim,
porque gosta muito do Andreas, quer administrar a herança", diz Mauro Nacif, um
dos advogados de Suzane.
"Papo furado", reage Alberto
Zacharias Toron, da acusação.
"Ela sempre teve interesse na
herança, tanto que resistiu ao
processo movido pelo irmão.
Eles [os advogados de defesa]
falam o contrário agora, três
anos depois, porque querem
humanizar a vilã."
Segundo a defesa, os bens de
Suzane se resumem a R$ 5.000,
de uma conta bancária que ela
dividia com a mãe. E o carro?
"É um Golzinho comprado
com a poupança que a avó fez
para ela", explica Barni.
E o apartamento que ela pediu para morar quando saísse
da cadeia?
"Ela não pretendia vendê-lo,
apenas habitar", diz Mario Sérgio de Oliveira, da defesa.
Ia viver de quê, se não quer a
herança nem tem emprego?
"Ela pretende partir do zero", diz Oliveira, que explica
que o direito se baseia em fatos
concretos, não em presunções.
Existe alguma orientação
com relação à atitude da ré no
tribunal? Deve chorar de novo?
"Contará apenas a verdade.
Sua biografia, uma história que
muitos não sabem."
A acusação diz que vai usar o
argumento de "coação moral
irresistível" que Suzane teria
sofrido por parte de seu então
namorado, Daniel Cravinhos.
"Eles querem afastar o motivo torpe que a levou a praticar o
crime. Mas não adianta, ela matou os pais para ficar com a herança", diz Toron.
Uma outra audiência está
agendada para o dia 18 de setembro, acreditam os advogados, apenas para o caso de
acontecer um imprevisto na segunda-feira.
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