São Paulo, domingo, 15 de julho de 2007

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Para governo, problemas são normais

Secretário de Educação Superior do MEC nega ter havido falta de planejamento ou de recursos na expansão universitária

DO ENVIADO A SANTOS

O secretário de Educação Superior, Ronaldo Mota, 52, nega ter havido falta de planejamento ou de recursos na expansão universitária e diz que os problemas surgidos são naturais num projeto dessa dimensão.
"Quando você tira uma fotografia, você não vê o filme. Em uma fotografia de uma obra, por mais importante que ela seja, aparecem as coisas boas e as ruins. A seqüência da fotografia nós temos certeza que será muito positiva. Não somos ingênuos. Sabemos que fazer envolve enfrentar dificuldades, mas vale a pena", afirmou ele.
Para Mota, o principal motivo de problemas é a característica do projeto, que visa a interiorização. "Para quem não quer dificuldade bastaria não crescer. Se quisesse menos dificuldades, era só crescer onde já tem. Não foi essa a opção do governo Lula. Foi exatamente a de procurar as regiões mais remotas, realizar um grande programa de interiorização."
Para demostrar não haver falta de recursos, ele diz que há quatro anos as verbas de custeio para manutenção básica das universidades giravam em torno de R$ 550 milhões, passando hoje para R$ 1,2 bilhão.
Ao comentar as críticas dos reitores, de ter havido falta de planejamento de médio e longo prazos, ele disse que tudo foi feito "com conhecimento e consentimento" dos reitores e dos conselhos, mas admite que uma próxima etapa deve ser mais bem planejada.
"O Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais], a nova etapa de expansão, deve estabelecer um crescimento muito mais coerente. As universidades não precisarão fazer nenhum tipo de definição precipitada, poderão se planejar e se organizar a partir de uma disposição expressa e de forma muita clara."
Ao ser questionado se houve precipitação, então, na primeira etapa, ele voltou a dizer que não. "O Reuni será um modelo mais harmônico, mas o anterior não teve problema de planejamento. Tínhamos consciência de que alguns problemas seriam enfrentados, mas não houve nenhum prejuízo essencial à qualidade, e serão resolvidos gradativamente."
Sobre as críticas de que a expansão teria sido feita no afogadilho com o objetivo eleitoreiro de munir os discursos de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mota também usou o Reuni. "É tão equivocada essa visão. O suposto candidato já ganhou. Por que, agora, vem um programa mais forte ainda e ninguém o acusa de eleitoreiro?", afirmou ele.
De acordo com o secretário, um dos principais problemas, a falta de pessoal, deve ser solucionado ainda neste ano, com a incorporação de 2.880 novos docentes e 5.000 técnicos administrativos, dos quais cerca de 2.000 professores e metade dos técnicos destinados à expansão. "Isso consolida, de forma definitiva, a expansão."
Sobre a assistência estudantil, Mota afirmou que ela cresceu de R$ 32 milhões para R$ 53 milhões, de 2006 para 2007, mas é insuficiente. "Não tem a promessa que vai ter restaurante nem moradia para todos, mas certamente devemos ter uma atenção especial aos talentosos e carentes", disse.
Para os alunos, o secretário deu um recado. "Mesmo com todas as dificuldades, eu tenho certeza de que a sua formação acadêmica final será muito positiva. Esses momentos que as primeiras turmas passam não são diferentes das experiências que as primeiras turmas das melhores universidades do país e do mundo tiveram." (RP)


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