A caçamba do caminhão levantou e atingiu a estrutura, que caiu na pista da Imigrantes; Gol que vinha atrás não evitou o choque

Executivo japonês que estava no Brasil havia um ano morreu a caminho do hospital; rodovia fechou por uma hora nos 2 sentidos

Moacyr Lopes Júnio/Folha Imagem

Operários trabalham na remoção de passarela

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um caminhão com a caçamba levantada derrubou ontem uma passarela de cerca de 70 toneladas e 25 metros na pista do km 12 da rodovia dos Imigrantes (sentido São Paulo). O motorista de um Gol que vinha logo atrás não conseguiu frear e o veículo se chocou contra a estrutura. O passageiro, um japonês que morava no Brasil havia um ano, morreu. O motorista do Gol está internado.
O acidente foi por volta das 9h. A Imigrantes ficou interditada por uma hora nos dois sentidos. No sentido São Paulo, só foi liberada às 14h30, após a remoção dos destroços. É a segunda vez que a mesma passarela cai por causa de um caminhão com caçamba erguida. A primeira foi em 2001. O caminhoneiro Juarez Dias de Carvalho, 44, contou que saiu ontem de Diadema sem carga e não percebeu quando a caçamba começou a subir, a cerca de 500 metros antes de atingir a passarela.
Com a caçamba erguida, o veículo atingiu sete metros de altura -a passarela tem 5,70 m. O mecanismo para erguer a caçamba é acionado por duas alavancas que ficam debaixo do banco do condutor. "Foi uma fatalidade que eu não pude evitar", disse o caminhoneiro. O motorista foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção) e liberado.
O policial rodoviário Heitor Chagas, que fazia patrulha a cerca de 500 metros antes da passarela, viu a caçamba começar a subir e chegou a seguir o caminhão com a sirene ligada. Outros veículos também buzinaram, em sinal de alerta. A batida fez estremecer as casas vizinhas. "Chacoalhou tudo, foi um estrondo muito forte", conta a dona-de-casa Bianca Lopes, 30. "Quando olhei, os pneus [estepes do caminhão que se soltaram com o impacto] ainda estavam pulando."
A primeira unidade de resgate chegou de helicóptero e socorreu Soichiro Furuyobu, 30, mas ele morreu a caminho do Hospital das Clínicas. Ele era diretor da Makita Ferramentas Elétricas Industriais, que tem sede no Japão e uma unidade em São Bernardo do Campo. Ele não tem parentes no país.
O Gol era dirigido por Daniel Ronaldo Caçador, 36, gerente de assistência técnica da empresa. Segundo um funcionário da Makita, os dois seguiam para Campinas. Ontem à noite, Caçador continuava internado. Seu estado de saúde não foi revelado, a pedido da família.

Trânsito
Os carros que estavam perto do acidente fizeram o retorno por uma abertura improvisada na grade de proteção. Caminhoneiros tiveram que esperar até as 11h30 para voltar pela contramão, depois que não havia mais carros na pista. Quem estava antes do km 14 pegou um dos desvios por Diadema ou São Bernardo do Campo.
Veículos que não haviam iniciado o trecho de serra foram desviados para a Anchieta. Segundo a Ecovias (concessionária do sistema Anchieta-Imigrantes), foram registrados 16 km de lentidão.
O engenheiro coordenador de Obras de Artes Especiais da Ecovias, Cosme Lourenzo, disse que a passarela havia passado por manutenção em outubro e tem 5,70 metros de altura, 20 centímetros além do exigido pela legislação em rodovias.
Segundo ele, a peça caiu inteira porque é encaixada. "Por isso não houve abalo do outro lado. Podia ser pior." Para Edemar de Souza Amorim, presidente do Instituto de Engenharia, a passarela devia estar mesmo apoiada e não fixada. "Senão, quando houvesse dilatação com o calor, ela entortaria o pilar", diz.