DA REPORTAGEM LOCAL

A Subprefeitura da Lapa nega que a remoção dos moradores seja uma política higienista ou com intenção de beneficiar o mercado imobiliário. "Esse estilo de vida [do morador de rua] é perigoso e insalubre. A gente faz de tudo para dificultar, não para incentivar", diz a subprefeita da Lapa, Luiza Eluf. Ela diz que, até o fim do ano, 700 novas unidades populares serão entregues.
A subprefeitura diz ter atendido aos pedidos de moradores, que reclamavam da sujeira e do risco de incêndios e atropelamentos no local. "Não vejo nenhum problema na construção do muro. Era uma questão de segurança pública", diz Olívia Prata, presidente da associação de moradores Movimento Popular de Vila Leopoldina. "Ficou muito mais tranqüilo. Foi melhor para eles e melhor para a gente", diz Prata.
Segundo a Subprefeitura da Lapa, o muro foi feito para proteger o viaduto de um eventual incêndio provocado pelas fogueiras que os moradores de rua acendiam durante a noite.
A subprefeitura afirma que a instalação das cooperativas sob os viadutos Lapa, Pompéia e Jaguaré, além do Mofarrej, depende de licitação para o uso dos baixos de viadutos, prevista em lei. Os locais estão sendo analisados por entidades que trabalham com reciclagem.
Além do incêndio ocorrido há oito anos sob o próprio viaduto Mofarrej -onde viviam 55 famílias em uma favela cuja área foi cercada e cedida a uma escola de samba, ainda na gestão Marta Suplicy (PT)-, a subprefeitura cita como justificativa para a construção do muro outros dois incêndios que provocaram a interdição do viaduto Antártica (zona oeste), em 2000 e 2002.
A subprefeitura afirma que o problema da moradia de rua na região é crônico, devido à proximidade do Ceagesp (central de abastecimento). Diz que eles são indenizados e convidados a pernoitar em albergues. Segundo a subprefeitura, eles não aceitam porque é proibido entrar com bebida alcoólica. E porque o banho é obrigatório.


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