São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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Defesa vai alegar que Bruno foi vítima de "armação" de primo

Advogados querem provar que testemunho contra goleiro teria sido motivado por vingança

Defensor de primo de atleta diz que seu cliente nunca deu informação à polícia para prejudicar Bruno

ANDRÉ CARAMANTE
DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

A defesa do goleiro Bruno Fernandes, 25, afastado do Flamengo após ser preso acusado pela polícia de participação no sequestro e possível assassinato de Eliza Samudio, 25, sua ex-amante, tentará demonstrar à Justiça que o jogador é vítima de uma vingança por parte de Sérgio Rosa Sales, 22, conhecido como Camelo e seu primo, também preso pelo desaparecimento de Eliza.
Advogados de Bruno têm se reunido com parentes do atleta e de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, acusado de ter sequestrado Eliza e o filho dela supostamente com Bruno para levá-los do Rio até Minas, para descobrir o que motivou Sales a dizer à polícia que o goleiro teve participação direta no crime e teria visto a ex-amante ser morta.
Os advogados de Bruno acreditam que Sales quis se vingar do goleiro porque foi substituído da condição de braço direito na administração da vida do atleta.

CIÚMES
O que a defesa tentará comprovar à Justiça é que Sales desviou dinheiro de Bruno e, como forma de punição, foi trocado por Macarrão, considerado por parentes e amigos do atleta como dono de um grande sentimento de ciúmes e consideração por parte do jogador.
Sales é acusado pela polícia de ajudar a vigiar Eliza no sítio do jogador durante o tempo em que foi mantida refém e também de colaborar a levá-la para que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos a matasse em sua casa, em Vespasiano (MG).
Anteontem, Sales ajudou policiais a fazer uma varredura atrás de fios de cabelo, sangue e outros vestígios da passagem de Eliza no sítio de Bruno. Ele indicou cômodos onde ela foi mantida presa. Foram seis horas de buscas.

TRUNFO
O depoimento de Sales à polícia é um dos trunfos da acusação contra Bruno. Segundo Sales, o goleiro estava na casa do ex-policial Santos quando Eliza foi morta por Santos, visto o crime e só teria interferido para que o ex-policial não matasse o bebê.
Sales estava no Range Rover de Bruno apreendido com documento irregular em Contagem (MG), onde a polícia afirma ter encontrado manchas de sangue de Eliza.
Foi nesse carro que Eliza e seu filho seguiram para Minas. As manchas de sangue foram causadas por coronhadas, segundo outro primo de Bruno, de 17 anos, que está apreendido por ordem da Justiça e deu os primeiros detalhes sobre o desaparecimento de Eliza.
O rapaz confirmou anteontem à Justiça que viu uma das mãos de Eliza ser jogada pelo ex-policial Santos aos seus cães. O jovem defende Bruno e diz que ele não estava na casa de Santos quando Eliza foi morta. Ele afirma que o goleiro apenas a viu em seu sítio e ficou "estarrecido" com o fato de ela estar lá.

TELEFONEMA
Para os advogados de Bruno, a informação dada pela polícia de que Eliza, já mantida refém no sítio do jogador, fora obrigada pelos amigos de Bruno a ligar em 9 de junho para uma amiga será favorável na defesa do atleta. Nesse telefonema, Eliza disse que Bruno prometera ajudá-la a cuidar do filho.
Os defensores acreditam que a confirmação do contato telefônico poderá estabelecer uma "linha do tempo" sobre a passagem de Eliza pelo sítio de Bruno e, com isso, desmontar as versões do seu desaparecimento dadas pelos dois primos do goleiro.


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