São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2000


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SALVADOR
Equipe de universidade busca prédio de 1550
Escavação tenta achar os alicerces do primeiro colégio jesuíta no país

MARCOS VITA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Pesquisadores do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBa (Universidade Federal da Bahia) iniciaram ontem as escavações no centro histórico de Salvador para tentar encontrar os alicerces do primeiro colégio de jesuítas erguido no Brasil, em 1550.
Os trabalhos abrangem uma área de 400 m2 na praça da Sé, centro histórico da capital baiana, e devem se estender por dez meses. O projeto envolve 30 pessoas.
Fundado pelo padre Manuel da Nobrega (1517-1570), o colégio dos jesuítas foi demolido no início do século 19 para a construção de dois quarteirões de casas.
A quase 60 metros acima do nível do mar, o prédio era cercado por um paredão natural e tinha acesso à praia, o que permitia a chegada de embarcações.
"Com o uso de radar e de plantas da época, sabemos que os alicerces estão ali, mas não se sabe o estado deles", diz o antropólogo Carlos Etchevarne, 50, coordenador da pesquisa. Isso porque o grupo não têm idéia dos efeitos das sucessivas construções feitas sobre a área original do colégio.
"Os alicerces podem estar sobrepostos pelas bases dos quarteirões de moradias, que, por sua vez, foram demolidas em 1933 para dar lugar a linhas de bonde", diz Etchevarne.
O trabalho é a segunda etapa de uma pesquisa arqueológica lançada em outubro de 1998, com base em convênio de R$ 483 mil com a Prefeitura de Salvador e o governo baiano. No ano passado, a equipe da UFBa descobriu os alicerces da Igreja Primacial da Sé. Construído a partir de 1552, o templo foi demolido em 1933 para dar lugar a linhas de bonde.
Junto com os alicerces da igreja, os pesquisadores descobriram ossadas de 360 pessoas (era comum na época o sepultamento nos fundos das igrejas), pelo menos 400 mil fragmentos de material de construção e objetos de uso pessoal como cachimbos, porcelanas chinesas, moedas e munição.
"A idéia é transformar o local em memorial histórico. Tentaremos traçar a divisão das ruas e fazer com que os alicerces sejam incorporados ao projeto de reforma da praça", revela o antropólogo.
Os alicerces da igreja e as ossadas estão expostos na praça da Sé. Os fragmentos de peças estão sendo estudados no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBa.


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