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SALVADOR
Equipe de universidade busca prédio de 1550
Escavação tenta achar os alicerces do primeiro colégio jesuíta no país
MARCOS VITA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Pesquisadores do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBa
(Universidade Federal da Bahia)
iniciaram ontem as escavações no
centro histórico de Salvador para
tentar encontrar os alicerces do
primeiro colégio de jesuítas erguido no Brasil, em 1550.
Os trabalhos abrangem uma
área de 400 m2 na praça da Sé,
centro histórico da capital baiana,
e devem se estender por dez meses. O projeto envolve 30 pessoas.
Fundado pelo padre Manuel da
Nobrega (1517-1570), o colégio
dos jesuítas foi demolido no início do século 19 para a construção
de dois quarteirões de casas.
A quase 60 metros acima do nível do mar, o prédio era cercado
por um paredão natural e tinha
acesso à praia, o que permitia a
chegada de embarcações.
"Com o uso de radar e de plantas da época, sabemos que os alicerces estão ali, mas não se sabe o
estado deles", diz o antropólogo
Carlos Etchevarne, 50, coordenador da pesquisa. Isso porque o
grupo não têm idéia dos efeitos
das sucessivas construções feitas
sobre a área original do colégio.
"Os alicerces podem estar sobrepostos pelas bases dos quarteirões de moradias, que, por sua
vez, foram demolidas em 1933 para dar lugar a linhas de bonde",
diz Etchevarne.
O trabalho é a segunda etapa de
uma pesquisa arqueológica lançada em outubro de 1998, com base
em convênio de R$ 483 mil com a
Prefeitura de Salvador e o governo baiano. No ano passado, a
equipe da UFBa descobriu os alicerces da Igreja Primacial da Sé.
Construído a partir de 1552, o
templo foi demolido em 1933 para dar lugar a linhas de bonde.
Junto com os alicerces da igreja,
os pesquisadores descobriram ossadas de 360 pessoas (era comum
na época o sepultamento nos fundos das igrejas), pelo menos 400
mil fragmentos de material de
construção e objetos de uso pessoal como cachimbos, porcelanas
chinesas, moedas e munição.
"A idéia é transformar o local
em memorial histórico. Tentaremos traçar a divisão das ruas e fazer com que os alicerces sejam incorporados ao projeto de reforma
da praça", revela o antropólogo.
Os alicerces da igreja e as ossadas estão expostos na praça da Sé.
Os fragmentos de peças estão sendo estudados no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBa.
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