São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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ADMINISTRAÇÃO

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da prefeitura também revela que só 3,46% têm boas condições de vida

Metade dos paulistanos vive mal em SP

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Apenas 3,46% da população da cidade de São Paulo vive em boas condições, considerando expectativa de vida, renda e grau de instrução. Mas mais da metade vive situação oposta.
Os dados integram pesquisa apresentada ontem por Marcio Pochmann, secretário do Trabalho, que mediu o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) nos 96 distritos paulistanos.
O IDH é um indicador empregado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para medir a qualidade de vida em vários países. O índice, que varia de zero a um, resulta do cruzamento de três dados -renda, esperança de vida e conhecimento- que têm peso final igualitário.
Os seis distritos da cidade que estão no topo do ranking são Moema, Morumbi, Jardim Paulista, Pinheiros, Itaim Bibi e Alto de Pinheiros. No total, 378,4 mil pessoas vivem nesses bairros que registram índices superiores a 0,8.
Em contrapartida, 39,58% dos distritos paulistanos têm IDH considerado muito baixo, ou seja, inferior a 0,5. Mais da metade da população da cidade, 55,38% (5,654 milhões), está nessa faixa.

Analogia
Para calcular os índices em São Paulo, foram usados dados do Censo 2000, da Fundação Seade e das secretarias municipais de Saúde e da Educação.
Embora os números mundiais não possam ser comparados com os observados na cidade, o estudo designou quatro blocos (alto, médio, baixo e muito baixo) como regiões européia, asiática, indiana e africana, por analogia.
O objetivo de determinar o IDH dos distritos é verificar a eficácia dos programas sociais da administração municipal. "Estamos gastando dinheiro e precisamos de indicadores para fazer o monitoramento", diz Pochmann.
Segundo ele, não haverá nenhuma modificação nas políticas públicas. "A desigualdade não é nenhuma novidade, o índice é só uma confirmação", comenta.
O estudo levantou também o IDH geral da cidade em 1970, 1980, 1991 e 2000. Houve melhoria da taxa, especialmente na década de 80, quando foi registrado um aumento de 8,65%. Mas, na última década, o índice praticamente não se alterou, cresceu 2,02%.
O baixo percentual de melhoria "é um reflexo principalmente de questões de ordem macroeconômica", explicou Pochmann.

Diferenças
O levantamento mostra ainda uma projeção para que as discrepâncias entre os distritos sejam superadas. Para que a renda do chefe de família de Parelheiros se equipare a da verificada no Morumbi, por exemplo, seriam necessários 946 anos.
Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, ocupa a 74ª posição no IDH paulistano. Com população de 243 mil pessoas, o bairro apresenta índice de 0,458.
A dona-de-casa Lucilia Ferreira dos Santos, 73, moradora do bairro há 49 anos, é um caso exemplar desses números. Ela não estudou e vive com o marido, aposentado, com uma renda de R$ 200.
Primeira colocada no ranking, Moema (também na zona sul de São Paulo) tem 71 mil habitantes. Moradora do bairro há 40 anos, a dona-de-casa Veniz Daud Oskoul, 70, tem curso superior e afirma viajar para o exterior pelo menos uma vez por ano. Ela não quis declarar sua renda, por questão de segurança.


Colaborou FERNANDA NAGATOMI, da Reportagem Local


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