|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da prefeitura também revela que só 3,46% têm boas condições de vida
Metade dos paulistanos vive mal em SP
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas 3,46% da população da
cidade de São Paulo vive em boas
condições, considerando expectativa de vida, renda e grau de instrução. Mas mais da metade vive
situação oposta.
Os dados integram pesquisa
apresentada ontem por Marcio
Pochmann, secretário do Trabalho, que mediu o IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) nos
96 distritos paulistanos.
O IDH é um indicador empregado pela ONU (Organização das
Nações Unidas) para medir a
qualidade de vida em vários países. O índice, que varia de zero a
um, resulta do cruzamento de três
dados -renda, esperança de vida
e conhecimento- que têm peso
final igualitário.
Os seis distritos da cidade que
estão no topo do ranking são
Moema, Morumbi, Jardim Paulista, Pinheiros, Itaim Bibi e Alto
de Pinheiros. No total, 378,4 mil
pessoas vivem nesses bairros que
registram índices superiores a 0,8.
Em contrapartida, 39,58% dos
distritos paulistanos têm IDH
considerado muito baixo, ou seja,
inferior a 0,5. Mais da metade da
população da cidade, 55,38%
(5,654 milhões), está nessa faixa.
Analogia
Para calcular os índices em São
Paulo, foram usados dados do
Censo 2000, da Fundação Seade e
das secretarias municipais de
Saúde e da Educação.
Embora os números mundiais
não possam ser comparados com
os observados na cidade, o estudo
designou quatro blocos (alto, médio, baixo e muito baixo) como
regiões européia, asiática, indiana
e africana, por analogia.
O objetivo de determinar o IDH
dos distritos é verificar a eficácia
dos programas sociais da administração municipal. "Estamos
gastando dinheiro e precisamos
de indicadores para fazer o monitoramento", diz Pochmann.
Segundo ele, não haverá nenhuma modificação nas políticas públicas. "A desigualdade não é nenhuma novidade, o índice é só
uma confirmação", comenta.
O estudo levantou também o
IDH geral da cidade em 1970,
1980, 1991 e 2000. Houve melhoria
da taxa, especialmente na década
de 80, quando foi registrado um
aumento de 8,65%. Mas, na última década, o índice praticamente
não se alterou, cresceu 2,02%.
O baixo percentual de melhoria
"é um reflexo principalmente de
questões de ordem macroeconômica", explicou Pochmann.
Diferenças
O levantamento mostra ainda
uma projeção para que as discrepâncias entre os distritos sejam
superadas. Para que a renda do
chefe de família de Parelheiros se
equipare a da verificada no Morumbi, por exemplo, seriam necessários 946 anos.
Cidade Ademar, na zona sul de
São Paulo, ocupa a 74ª posição no
IDH paulistano. Com população
de 243 mil pessoas, o bairro apresenta índice de 0,458.
A dona-de-casa Lucilia Ferreira
dos Santos, 73, moradora do bairro há 49 anos, é um caso exemplar
desses números. Ela não estudou
e vive com o marido, aposentado,
com uma renda de R$ 200.
Primeira colocada no ranking,
Moema (também na zona sul de
São Paulo) tem 71 mil habitantes.
Moradora do bairro há 40 anos, a
dona-de-casa Veniz Daud Oskoul, 70, tem curso superior e afirma viajar para o exterior pelo menos uma vez por ano. Ela não quis
declarar sua renda, por questão
de segurança.
Colaborou FERNANDA NAGATOMI, da
Reportagem Local
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Saúde: Marta entrega aparelho em hospital, mas não vê pacientes nos corredores Índice
|