São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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Comandantes de 7 batalhões da PM são afastados no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio afastou ontem os comandantes de sete batalhões da PM (Polícia Militar).
Apesar de ter acontecido em meio a denúncias sobre a proteção de policiais ao traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, a medida foi classificada pelo governo como parte de "um plano estratégico de segurança".
Ontem, a Corregedoria de Polícia Unificada recebeu a denúncia de que Elias Maluco estaria no bairro Água Mineral (São Gonçalo, a 20 km do Rio) disfarçado com uma farda do Corpo de Bombeiros. A informação está sendo investigada.
A governadora Benedita da Silva, candidata à reeleição pelo PT, e o secretário de Segurança, Roberto Aguiar, negaram que haja crise na segurança.
"Está em crise quem apostou no caos e não conseguiu implantar o caos", disse Benedita.
De acordo com Aguiar, a troca de comandantes foi uma "medida corriqueira" e uma "adequação aos serviços que têm de ser prestados à população".
"Quando mexemos no comando de um batalhão, acabamos tendo de mexer em outros para poder acertar as coisas", disse o secretário, referindo-se à troca, no sábado, do coronel Venâncio Moura pelo coronel Sérgio Meinicke no comando do Bope (Batalhão de Operações Especiais).
Os batalhões afetados pelas mudanças foram os de Botafogo (2º), Bangu (14º), os das cidades de Barra do Piraí (10º), Nova Friburgo (11º) e Petrópolis (25º), o de Turismo e o do Grupamento Aeromarítimo.
A PM informou que o destino dos comandantes afastados ainda não está decidido. Na prática, eles foram suspensos das atividades diárias da PM.
Anteontem, a Corregedoria vistoriou o 14º BPM (Batalhão da Polícia Militar). O órgão recebera a denúncia de que um aliado do traficante Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, era mantido refém na unidade desde sábado e que policiais estariam cobrando R$ 100 mil para libertá-lo. Os investigadores não localizaram o suposto refém.

Laudo
O secretário disse ser preciso esperar o resultado de todos os laudos sobre a morte de André da Cruz Barbosa, o André Capeta, antes de afirmar qual foi a causa. "Por enquanto, tudo é hipótese."
O traficante, cúmplice de Elias Maluco na morte do jornalista Tim Lopes, desaparecido no dia 2 de junho, morreu anteontem com um tiro na cabeça.
A polícia anunciou que a principal hipótese é suicídio.
Segundo o secretário, só o exame residuográfico, que deve sair até amanhã, poderá confirmar a hipótese de suicídio. O exame detecta a presença de pólvora nas mãos da vítima.
Ontem, o chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, mostrou as imagens do traficante na clínica Doutor Balbino, em Olaria (zona norte), onde recebeu um primeiro atendimento, antes de ser transferido para o hospital Getúlio Vargas, em que morreu.
As imagens mostram o soldado Luiz Gustavo Rangel Euzébio, do Corpo de Bombeiros, com dois parentes e um vizinho do traficante. Para Teixeira, o bombeiro não agiu sob ameaça ao socorrer Capeta em uma ambulância da corporação.
"Não há ninguém armado, nada que indique ameaça. Todos parecem bem tranquilos", disse.
Euzébio depôs ontem na Corregedoria. Ele afirmou que levou André Capeta sob ameaça de traficantes. O corregedor Aldney Peixoto disse que confrontará os depoimentos do cabo no Corpo de Bombeiros, na DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes) e na 22ª Delegacia de Polícia. "Ele não me convenceu. Sou um homem muito desconfiado. Vou continuar investigando."
O traficante foi enterrado ontem no cemitério de Irajá (zona norte). Os parentes não deram entrevistas.


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