São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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Canecão guarda armas dos frequentadores

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

As casas de show do Rio de Janeiro estão utilizando uma sala de segurança, dotada de cofre, especialmente para guardar as armas de espectadores.
No Canecão (Botafogo, zona sul), no último fim de semana, 15 revólveres permaneceram no cofre da casa, enquanto seus donos assistiam ao show do grupo de pagode Revelação.
No Estado do Rio, a lei 2.526 (1996) proíbe a permanência de pessoas armadas em boates, cinemas, teatros, clubes, estádios, escolas de samba e demais estabelecimentos de lazer.
Segundo o chefe de segurança do Canecão, Guilherme Galera, quase todos os que chegam armados são policiais.
"Com o aumento de violência na cidade, os policiais não saem desarmados nem para se divertir", disse ele.
O recolhimento das armas, segundo Galera, é feito sem que os outros clientes percebam, "para que ninguém se assuste".
Os clientes são levados para uma sala, onde mostram além da identidade, o documento que comprova que têm porte de arma, caso não sejam policiais.
Na sala, retiram a munição do revólver e o guardam no cofre. A munição fica com o dono. A devolução da arma ocorre na saída dos shows.
"Nós anotamos em um livro o registro da arma, o modelo, o número da carteira do policial, sua função e o número do registro de porte, caso não seja da polícia."
Segundo ele, nos shows mais populares, como os de pagode, todos passam por detector de metais, onde há seis seguranças (duas mulheres). Bolsas e mochilas são revistadas.
"Acontece muito de os policiais se identificarem antes do show, pois já sabem que o detector de metais vai apitar", afirmou.
Segundo Galera, raros foram os casos de pessoas que não quiseram entregar a arma. "Já houve casos com seguranças de empresários. Quando acontece, pedimos que deixem a arma no carro, mas aqui não entra", afirmou.

Checagem
Segundo a 10ª DP (Delegacia de Polícia), em Botafogo (zona sul), uma vez por mês o livro é checado pelo delegado titular. Todas as páginas do livro são rubricadas. Caso seja encontrada uma discrepância, é iniciada uma investigação, segundo a delegacia.
De acordo com a delegacia, nunca houve casos de apreensão de armas.
No ATL Hall (Barra da Tijuca, zona oeste), clientes também costumam chegar armados. Segundo a casa, muitos são policiais, principalmente em shows de pagode e de música sertaneja.
Há também seguranças de políticos e empresários, que acompanham os clientes. Mensalmente o livro com as anotações é levado à delegacia da área, a 16ª DP.
Segundo o chefe da Polícia Civil, delegado Zaqueu Teixeira, as casas de show não têm poder de polícia para avaliar o porte de arma de seus clientes e estão cumprindo o procedimento correto.
Procurada pela Folha, a casa de espetáculos Ballroom (Humaitá, zona sul), especializada em shows dançantes, não informou se o procedimento de guardar as armas também é adotado.
A Polícia Civil informou que o procedimento deve ser adotado por todas as casas de espetáculos do Estado do Rio, de acordo com a legislação.


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