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Canecão guarda armas dos frequentadores
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
As casas de show do Rio de Janeiro estão utilizando uma sala de
segurança, dotada de cofre, especialmente para guardar as armas
de espectadores.
No Canecão (Botafogo, zona
sul), no último fim de semana, 15
revólveres permaneceram no cofre da casa, enquanto seus donos
assistiam ao show do grupo de
pagode Revelação.
No Estado do Rio, a lei 2.526
(1996) proíbe a permanência de
pessoas armadas em boates, cinemas, teatros, clubes, estádios, escolas de samba e demais estabelecimentos de lazer.
Segundo o chefe de segurança
do Canecão, Guilherme Galera,
quase todos os que chegam armados são policiais.
"Com o aumento de violência
na cidade, os policiais não saem
desarmados nem para se divertir", disse ele.
O recolhimento das armas, segundo Galera, é feito sem que os
outros clientes percebam, "para
que ninguém se assuste".
Os clientes são levados para
uma sala, onde mostram além da
identidade, o documento que
comprova que têm porte de arma,
caso não sejam policiais.
Na sala, retiram a munição do
revólver e o guardam no cofre. A
munição fica com o dono. A devolução da arma ocorre na saída
dos shows.
"Nós anotamos em um livro o
registro da arma, o modelo, o número da carteira do policial, sua
função e o número do registro de
porte, caso não seja da polícia."
Segundo ele, nos shows mais
populares, como os de pagode,
todos passam por detector de metais, onde há seis seguranças
(duas mulheres). Bolsas e mochilas são revistadas.
"Acontece muito de os policiais
se identificarem antes do show,
pois já sabem que o detector de
metais vai apitar", afirmou.
Segundo Galera, raros foram os
casos de pessoas que não quiseram entregar a arma. "Já houve
casos com seguranças de empresários. Quando acontece, pedimos que deixem a arma no carro, mas aqui não entra", afirmou.
Checagem
Segundo a 10ª DP (Delegacia de
Polícia), em Botafogo (zona sul),
uma vez por mês o livro é checado
pelo delegado titular. Todas as páginas do livro são rubricadas. Caso seja encontrada uma discrepância, é iniciada uma investigação, segundo a delegacia.
De acordo com a delegacia,
nunca houve casos de apreensão
de armas.
No ATL Hall (Barra da Tijuca,
zona oeste), clientes também costumam chegar armados. Segundo
a casa, muitos são policiais, principalmente em shows de pagode e
de música sertaneja.
Há também seguranças de políticos e empresários, que acompanham os clientes. Mensalmente o
livro com as anotações é levado à
delegacia da área, a 16ª DP.
Segundo o chefe da Polícia Civil,
delegado Zaqueu Teixeira, as casas de show não têm poder de polícia para avaliar o porte de arma
de seus clientes e estão cumprindo o procedimento correto.
Procurada pela Folha, a casa de
espetáculos Ballroom (Humaitá,
zona sul), especializada em shows
dançantes, não informou se o
procedimento de guardar as armas também é adotado.
A Polícia Civil informou que o
procedimento deve ser adotado
por todas as casas de espetáculos
do Estado do Rio, de acordo com
a legislação.
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