São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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EUGÊNIO COLONNESE (1929-2008)

Nem ele dominava a voluptuosa Mirza

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os cabelos negros petróleo caíam sobre os seios fartos, os olhos verdes e os ombros, tão alvos como as coxas à mostra. Havia, sim, dentes pontiagudos no rosto de Mirza, a Mulher Vampiro eternizada em 1967 pelo nanquim de Eugênio Colonnese. Mas eram só um (belo) detalhe.
Assim o "mestre do HQ brasileiro" foi sugado pela criação. "Ele não pensou no vampiro, mas na mulher formosa; num vampirismo sui generis que foi um sucesso", diz o amigo dos tempos de Buenos Aires. Italiano, Colonnese cresceu na Argentina, "aprendeu desenhando em papel de embrulhar pão" e ficou conhecido ao ganhar um concurso, mas acabou no Brasil ilustrando novelas.
Logo fazia HQs de todo tipo e foi convidado, em 1967, a desenhar vampiros para a editora Jotaesse, no auge das revistas de horror. Nascia Mirza, que, com carnes promissoras e voluptuosas, ganhou sua própria revista.
"Mirza vem antes de Vampirella", diz o amigo, sobre a similar americana de dois anos depois -e "engoliu" seus outros desenhos, como o Morto do Pântano. Ele ilustrou livros didáticos, foi diretor de arte e publicou cursos de desenho, além do álbum "A Arte Exuberante de Desenhar Mulheres", que dispensa mais explicações.
Tinha cinco filhos e dois netos. Morreu na última sexta, de falência múltipla dos órgãos, aos 78. No hospital, diz o colega, ainda pediu um roteiro para ilustrar. "Morreu pensando na Mirza."

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