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EUGÊNIO COLONNESE (1929-2008)
Nem ele dominava a voluptuosa Mirza
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cabelos negros petróleo
caíam sobre os seios fartos, os
olhos verdes e os ombros, tão
alvos como as coxas à mostra.
Havia, sim, dentes pontiagudos no rosto de Mirza, a Mulher Vampiro eternizada em
1967 pelo nanquim de Eugênio Colonnese. Mas eram só
um (belo) detalhe.
Assim o "mestre do HQ
brasileiro" foi sugado pela
criação. "Ele não pensou no
vampiro, mas na mulher formosa; num vampirismo sui
generis que foi um sucesso",
diz o amigo dos tempos de
Buenos Aires. Italiano, Colonnese cresceu na Argentina, "aprendeu desenhando
em papel de embrulhar pão"
e ficou conhecido ao ganhar
um concurso, mas acabou no
Brasil ilustrando novelas.
Logo fazia HQs de todo tipo e foi convidado, em 1967, a
desenhar vampiros para a
editora Jotaesse, no auge das
revistas de horror. Nascia
Mirza, que, com carnes promissoras e voluptuosas, ganhou sua própria revista.
"Mirza vem antes de Vampirella", diz o amigo, sobre a
similar americana de dois
anos depois -e "engoliu"
seus outros desenhos, como o
Morto do Pântano. Ele ilustrou livros didáticos, foi diretor de arte e publicou cursos
de desenho, além do álbum
"A Arte Exuberante de Desenhar Mulheres", que dispensa mais explicações.
Tinha cinco filhos e dois
netos. Morreu na última sexta, de falência múltipla dos
órgãos, aos 78. No hospital,
diz o colega, ainda pediu um
roteiro para ilustrar. "Morreu pensando na Mirza."
obituario@folhasp.com.br
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