São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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"Doentes" assumem que são vítimas dos sintomas

ANTONINA LEMOS
da Reportagem Local

Pensar em alguém quatro horas por dia é considerado muito pouco por quem está apaixonado. "Imagina, eu penso nisso umas 24 horas, quem pensa só quatro horas não está apaixonado", diz a vendedora Elaine dos Santos, 18.
Para conversar sobre essa "doença", a Folha reuniu dois casais que assumem serem portadores do "vírus". Jimmy Freire, 22, e Elaine estão juntos há dez dias. Os estudantes André Dias, 23, e Andréa Alvez, 19, namoram há 11 meses.
Os quatro dizem sentir vários sintomas da doença. "Eu não consigo mais dormir direito, fico pensando nela o tempo todo", diz Jimmy, que também assume que agora vive constantemente com as mãos geladas e que perde o apetite. "Eu penso tanto que esqueço até de comer."
Elaine conta que começou a comer mais chocolate e que passa todo o dia ansiosa. "Acho que essa ansiedade está ligada à insegurança. No início, a gente fica muito sem saber o que está acontecendo", diz.
Jimmy concorda: "O principal problema é ficar pensando se a pessoa gosta de você ou não".
A "doença" também incomoda os amigos. "Meus amigos não aguentam mais me ouvir falar dela." Com Elaine é parecido. "Quando eu encontro com as minhas amigas, prefiro ficar quieta, senão já sei que vou ficar falando sempre sobre o mesmo assunto."
Os dois acreditam que, com o tempo, os sintomas se amenizem. "Acho que, quando você já está com alguém há um certo tempo, começa a ficar mais seguro, e aí passa a se sentir mais tranquilo", diz Jimmy.
Nem sempre é o que acontece. Às vezes, os sintomas têm longa duração. Andréa e André namoram há 11 meses, mas ainda continuam a sentir alguns dos sinais da "doença".
"Acho que agora fico mais nervosa do que no começo", diz Andréa. Ela costuma ter pesadelos com o namorado. O enredo costuma ser o mesmo: ele ficando com outra pessoa. Muitas vezes, ela acorda desses sonhos chorando e liga correndo para o namorado "só para saber se está tudo bem com ele".
Andréa também fica em pânico quando ele se atrasa. Mesmo quando o atraso é de 15 minutos. "Nessas horas, fico muito ansiosa e só consigo pensar em coisas ruins", diz.
André se sente menos "doente" do que no início do namoro. "Antes era doença mesmo. Eu ficava sem conseguir dormir direito. Agora, acho que a situação é mais real, por isso, fico menos tenso."
Mesmo assim, ele assume que sofre de ansiedade. "Vou ficando muito tenso quando vai chegando a hora de a gente se encontrar. Acho que isso é mesmo um pouco doentio."
Apesar do longo tempo de namoro, André ainda faz coisas como acordar uma hora mais cedo só para dar uma passadinha no colégio onde a namorada faz cursinho.


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