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VIOLÊNCIA
Carlos Cerqueira foi baleado no saguão do prédio onde trabalha o ex-vice-governador Nilo Batista
Ex-chefe da PM do Rio é assassinado
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Secretário de Polícia Militar nas
duas vezes em que Leonel Brizola
governou o Estado do Rio, o coronel Carlos Magno Nazareth Cerqueira foi morto ontem à tarde
com um tiro no olho direito.
Cerqueira foi assassinado no saguão do prédio onde trabalha o
advogado Nilo Batista, ex-vice-governador.
Duas horas depois, a polícia dava o crime como praticamente
elucidado. O assassino seria o sargento Sidney Rodrigues, da PM,
atingido, em seguida ao crime,
por um tiro na nuca, supostamente disparado por um segurança da terma Aeroporto, que
funciona no térreo do edifício.
Cerqueira chegou ao prédio
(avenida Beira Mar, 216, centro)
pouco depois das 16h. Ele trabalhava com Nilo Batista no Instituto Carioca de Criminologia, uma
ONG (organização não-governamental).
Testemunhas contaram aos policiais responsáveis pela investigação que o sargento atirou com um
revólver assim que o coronel parou no saguão à espera do elevador.
Segundo as testemunhas, o tiro
atraiu pelo menos dois seguranças da terma. O suspeito teria enfrentado os seguranças, mas foi
baleado. Às 19h, ele estava sendo
operado no hospital Souza Aguiar
(centro).
Cerqueira morreu na hora. Há
controvérsias sobre se ele esboçou reação. Debaixo do cadáver, o
perito Oswaldo de Paiva Netto, do
Instituto de Criminalística Carlos
Éboli, achou um coldre vazio. A
arma não apareceu.
O perito encontrou um cápsula
de bala calibre 38 no corredor dos
fundos do prédio. Encontrou ainda uma marca de tiro na parede
do saguão, mas a cápsula não foi
localizada.
Foi apreendido no local o revólver 38 que teria sido usado pelo
assassino, A arma tinha quatro
cápsulas deflagradas.
Pessoas que trabalhavam no
prédio contaram ter ouvido cinco
ou seis disparos. A polícia recebeu
de um flanelinha (pessoa que toma conta de carros na rua) a informação de que um homem negro e alto teria fugido em correria
logo após os tiros.
Retrato falado do suposto assassino coincide com o semblante do
sargento, disse à noite o delegado
Gilberto Ribeiro, da 5ª DP, delegacia responsável pela área onde
o crime ocorreu.
Pai de sete filhos, Cerqueira estava aposentado na Polícia Militar, desde o fim do segundo governo de Brizola, em 94.
Estudioso da questão da violência, ele trabalhava como vice-presidente da ONG, que funciona no
escritório de Nilo Batista.
Interdição
Depois do crime, o prédio foi
interditado. Todas as pessoas que
estavam nos escritórios de seus 13
andares foram cadastradas. Ninguém entrava ou saía do prédio
sem autorização.
O coronel Valmir Brum, da
Central de Inquéritos da Procuradoria Geral de Justiça, disse que
vingança é a hipótese mais provável.
"Quem fez isso, fez para matar",
afirmou ele.
Basquete
Subsecretário da Casa Militar
no segundo governo Brizola, o coronel Heleno Barbosa disse que
Cerqueira se encontraria no prédio com Nilo Batista.
Os dois seguiriam para uma
partida de basquete, esporte preferido do coronel.
"O coronel Cerqueira era um
homem íntegro, defensor dos direitos humanos e que instituiu o
policiamento comunitário. Foi
um crime bárbaro", afirmou
Brum.
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