|
Próximo Texto | Índice
SEGURANÇA
Ministros e moradores participaram de ato no Rio para pedir aprovação de projeto que restringe o porte de arma
Sob chuva, 40 mil defendem desarmamento
Felipe Varanda/Folha Imagem
![](../images/c1509200301.jpg) |
Manifestantes durante passeata em Copacabana (zona sul do Rio) para pressionar o Congresso a aprovar o Estatuto do Desarmamento |
FABIANA CIMIEIRI
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Apesar da chuva de ontem no
Rio, 40 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram na orla
de Copacabana (zona sul) da caminhada "Brasil sem Armas", cujo objetivo era pressionar o Congresso a aprovar o Estatuto do
Desarmamento, que restringe a
posse e o porte de armas.
Organizada pelo movimento
Viva Rio e por outras ONGs, a
manifestação teve a presença de
cerca de 40 atores da novela "Mulheres Apaixonadas", para a gravação de uma cena que vai ao ar
hoje. No enredo da novela, os
"manifestantes" são amigos da
personagem Fernanda, que morreu vítima de uma bala perdida.
Apesar de a gravação ter atraído
tietes de artistas, parentes de vítimas da violência, militantes de
ONGs que atuam em comunidades pobres da cidade e gente comum da zona sul formavam a
grande maioria dos manifestantes. Segundo estudo da Viva Rio,
as armas leves estão presentes em
70% dos crimes cometidos no
país, que registrou no ano passado 40 mil mortes a bala.
"O Congresso vai ter que se dobrar à vontade popular", disse o
secretário nacional de Segurança,
Luiz Eduardo Soares, que participou da caminhada ao lado dos
ministros Márcio Thomaz Bastos
(Justiça) e Miro Teixeira (Comunicações), do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP),
e do secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda.
Além dos representantes do governo federal, foram a Copacabana o secretário de Segurança do
Rio, Anthony Garotinho, quatro
secretários estaduais e o vice-governador Luiz Paulo Conde.
O Estatuto do Desarmamento,
diz João Paulo Cunha, deve ser
votado na Câmara entre 23 e 30
deste mês. Amanhã, o parecer da
relatora Laura Carneiro (PFL-RJ),
que abranda restrições ao porte
de arma, deve ser apreciado na
Comissão de Segurança Pública.
Carneiro não foi à caminhada.
Na próxima semana, o relator
da Comissão de Constituição e
Justiça, Luiz Eduardo Greenhalgh
(PT-SP), apresenta seu parecer
sobre o projeto, que em seguida
vai a plenário. "Não vou aceitar
modificações que desfigurem o
texto original", disse Greenhalgh,
que esteve na manifestação. Para
ele, os pontos fundamentais são
os que tornam o porte ilegal um
crime inafiançável, a concessão de
porte feita apenas pela Polícia Federal e o referendo popular de
2005, que poderá proibir a comercialização de armas no país.
Críticas e vaias
Representante da governadora
Rosinha Matheus (PMDB), o vice-governador criticou o estatuto.
"É uma lei capenga e não vai atender aos objetivos. Estou aqui para
ver se essa passeata comove os deputados a mudarem essa lei", disse Luiz Paulo Conde.
Garotinho disse que o estatuto
"é muito tímido" e está "aquém
das expectativas da população" e
que o plebiscito deve ser antecipado. "Para que deixar morrer gente
até 2005 se pode resolver logo?"
O secretário e ex-governador
chegou com a filha Clarissa. Foi
para a ala do governo do Estado,
na frente do primeiro carro de
som, sem cumprimentar as autoridades federais. Garotinho foi
vaiado por parte dos manifestantes e hostilizado com gritos de
"fora Garotinho" e "você é quem
fez isso com o nosso Estado".
Protegido por um cordão de
isolamento formado por correligionários, o secretário disse não
ter ouvido nada: "O que eu senti
foi muito carinho e atenção".
Próximo Texto: Frases Índice
|