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São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2003

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SEGURANÇA

Ministros e moradores participaram de ato no Rio para pedir aprovação de projeto que restringe o porte de arma

Sob chuva, 40 mil defendem desarmamento

Felipe Varanda/Folha Imagem
Manifestantes durante passeata em Copacabana (zona sul do Rio) para pressionar o Congresso a aprovar o Estatuto do Desarmamento


FABIANA CIMIEIRI
TALITA FIGUEIREDO

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Apesar da chuva de ontem no Rio, 40 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram na orla de Copacabana (zona sul) da caminhada "Brasil sem Armas", cujo objetivo era pressionar o Congresso a aprovar o Estatuto do Desarmamento, que restringe a posse e o porte de armas.
Organizada pelo movimento Viva Rio e por outras ONGs, a manifestação teve a presença de cerca de 40 atores da novela "Mulheres Apaixonadas", para a gravação de uma cena que vai ao ar hoje. No enredo da novela, os "manifestantes" são amigos da personagem Fernanda, que morreu vítima de uma bala perdida.
Apesar de a gravação ter atraído tietes de artistas, parentes de vítimas da violência, militantes de ONGs que atuam em comunidades pobres da cidade e gente comum da zona sul formavam a grande maioria dos manifestantes. Segundo estudo da Viva Rio, as armas leves estão presentes em 70% dos crimes cometidos no país, que registrou no ano passado 40 mil mortes a bala.
"O Congresso vai ter que se dobrar à vontade popular", disse o secretário nacional de Segurança, Luiz Eduardo Soares, que participou da caminhada ao lado dos ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Miro Teixeira (Comunicações), do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e do secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda.
Além dos representantes do governo federal, foram a Copacabana o secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, quatro secretários estaduais e o vice-governador Luiz Paulo Conde.
O Estatuto do Desarmamento, diz João Paulo Cunha, deve ser votado na Câmara entre 23 e 30 deste mês. Amanhã, o parecer da relatora Laura Carneiro (PFL-RJ), que abranda restrições ao porte de arma, deve ser apreciado na Comissão de Segurança Pública. Carneiro não foi à caminhada.
Na próxima semana, o relator da Comissão de Constituição e Justiça, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), apresenta seu parecer sobre o projeto, que em seguida vai a plenário. "Não vou aceitar modificações que desfigurem o texto original", disse Greenhalgh, que esteve na manifestação. Para ele, os pontos fundamentais são os que tornam o porte ilegal um crime inafiançável, a concessão de porte feita apenas pela Polícia Federal e o referendo popular de 2005, que poderá proibir a comercialização de armas no país.

Críticas e vaias
Representante da governadora Rosinha Matheus (PMDB), o vice-governador criticou o estatuto. "É uma lei capenga e não vai atender aos objetivos. Estou aqui para ver se essa passeata comove os deputados a mudarem essa lei", disse Luiz Paulo Conde.
Garotinho disse que o estatuto "é muito tímido" e está "aquém das expectativas da população" e que o plebiscito deve ser antecipado. "Para que deixar morrer gente até 2005 se pode resolver logo?"
O secretário e ex-governador chegou com a filha Clarissa. Foi para a ala do governo do Estado, na frente do primeiro carro de som, sem cumprimentar as autoridades federais. Garotinho foi vaiado por parte dos manifestantes e hostilizado com gritos de "fora Garotinho" e "você é quem fez isso com o nosso Estado".
Protegido por um cordão de isolamento formado por correligionários, o secretário disse não ter ouvido nada: "O que eu senti foi muito carinho e atenção".


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