|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para delegado, ainda não há "necessidade" de prisão
Armando Costa Filho diz que está prestes a concluir investigação sobre o caso Ubiratan
Só ontem a polícia enviou provas, como a roupa da namorada do coronel e toalhas com vestígios de sangue, para a perícia
Marlene Bergamo/Folha Imagem
|
Liliana Prinzivalli, que nega que a filha tenha cometido o crime |
KLEBER TOMAZ
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado Armando de Oliveira Costa Filho declarou ontem que a polícia paulista já
tem elementos suficientes para
pedir a prisão do suposto responsável pelo assassinato do
coronel da reserva da PM Ubiratan Guimarães, 63, morto no
último sábado. Ele, porém, diz
que não há "necessidade" para
se efetuar essa prisão agora.
"Se necessário fosse, teria
[elementos] para representar
pela prisão temporária imediatamente", disse Costa Filho,
delegado divisionário do DHPP
(Departamento de Homicídios
e Proteção à Pessoa), que investiga o caso.
A declaração do delegado foi
feita após quatro dias de investigação. Apesar de já ter pedido
a quebra do sigilo telefônico da
namorada de Ubiratan, Carla
Cepollina, 40, e de ter solicitado seu passaporte e as roupas
que usava no dia do crime, a polícia ainda a trata oficialmente
como testemunha.
"A prisão temporária é para a
investigação. Como estou prestes a concluí-la, não há muito o
que se falar em necessidade de
temporária para essa conclusão", alegou o delegado.
Segundo ele, o inquérito está
"90% concluído". "Estamos a
dois passos da conclusão. Espero que ela aconteça na semana
que vem", disse o delegado.
Policiais que participam das
investigações afirmam que o
suspeito deverá ter a prisão
preventiva solicitada. Esse tipo
de prisão é pedido após o final
do inquérito e dura até o julgamento. Indagado se esse seria o
procedimento a seguir pela polícia nesse caso, Costa Filho
preferiu desconversar. "Não falei em prisão."
Suspeita
Para o deputado federal Vicente Cascione (PTB-SP), advogado e amigo do coronel, não
há dúvida de que a namorada
de Ubiratan é a principal suspeita de tê-lo assassinado com
um tiro no abdômen. O motivo
seria ciúmes.
Segundo Cascione, Ubiratan
teria um envolvimento amoroso com a delegada da Polícia
Federal Renata Azevedo dos
Santos, 28. Ela nega.
Para a polícia paulista, Carla,
que já prestou três depoimentos -dois formais e um informal- foi ouvida na condição de
testemunha.
E, apesar de todas as outras
testemunhas ouvidas até agora
dizerem não ter visto mais ninguém além dela com o coronel
no apartamento no último sábado, ela não é classificada pela
polícia como suspeita.
"A palavra suspeito é um
pouco complicada. Mas eu posso dizer seguramente que há
um objeto de investigação que
está sendo definido", contou o
delegado Costa Filho. Ao ser
questionado se esse objeto seria uma pessoa, respondeu que
sim. Ele não quis dizer, no entanto, se se tratava de Carla.
As declarações de Costa Filho apontam para uma definição na apuração policial -que
antes indicava quatro linhas de
investigação. Ela converge agora para uma única linha, a de
crime passional.
"Isso foi possível graças as oitivas das testemunhas que
apontam para isso. Além disso,
há outros elementos também,
que prefiro não dizer quais
são", falou o delegado.
Somente ontem a polícia enviou o material (roupas da namorada, uma toalha com vestígios de sangue) coletado pela
perícia para exames no IC (Instituto de Criminalística).
Parte desses objetos havia sido recolhida no domingo,
quando o corpo do coronel foi
encontrado.
Sigilo
Além de se recusar a responder a perguntas sobre a autoria
do crime, a polícia também solicitou à Justiça o sigilo das investigações. Esse pedido teve
ontem parecer favorável do Ministério Público.
Segundo o promotor Luiz
Fernando Vaggione, a polícia
pediu o sigilo do inquérito -o
que impede a divulgação de dados sobre o caso- para não prejudicar as investigações.
O pedido de liberação de dados telefônicos e de sigilo no inquérito deve ser analisado hoje
pelo juiz Richard Chequini, do
1º Tribunal do Júri.
Segundo o promotor, as provas coletadas pela polícia tornam Carla a principal pessoa a
ser investigada.
"Por ter saído do local antes
da morte e por ter uma relação
amorosa com o coronel fazem
dela a principal pessoa a ser investigada. Mas não é única suspeita", disse o promotor.
Carla deve ouvida novamente pela polícia antes da conclusão do inquérito, segundo o delegado Costa Filho. Na próxima
segunda-feira, deve ocorrer o
depoimento de dois filhos do
coronel.
Texto Anterior: Namorada de coronel é ameaçada de morte Próximo Texto: Frases Índice
|