São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 2006

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Para delegado, ainda não há "necessidade" de prisão

Armando Costa Filho diz que está prestes a concluir investigação sobre o caso Ubiratan

Só ontem a polícia enviou provas, como a roupa da namorada do coronel e toalhas com vestígios de sangue, para a perícia


Marlene Bergamo/Folha Imagem
Liliana Prinzivalli, que nega que a filha tenha cometido o crime


KLEBER TOMAZ
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado Armando de Oliveira Costa Filho declarou ontem que a polícia paulista já tem elementos suficientes para pedir a prisão do suposto responsável pelo assassinato do coronel da reserva da PM Ubiratan Guimarães, 63, morto no último sábado. Ele, porém, diz que não há "necessidade" para se efetuar essa prisão agora.
"Se necessário fosse, teria [elementos] para representar pela prisão temporária imediatamente", disse Costa Filho, delegado divisionário do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que investiga o caso.
A declaração do delegado foi feita após quatro dias de investigação. Apesar de já ter pedido a quebra do sigilo telefônico da namorada de Ubiratan, Carla Cepollina, 40, e de ter solicitado seu passaporte e as roupas que usava no dia do crime, a polícia ainda a trata oficialmente como testemunha.
"A prisão temporária é para a investigação. Como estou prestes a concluí-la, não há muito o que se falar em necessidade de temporária para essa conclusão", alegou o delegado.
Segundo ele, o inquérito está "90% concluído". "Estamos a dois passos da conclusão. Espero que ela aconteça na semana que vem", disse o delegado.
Policiais que participam das investigações afirmam que o suspeito deverá ter a prisão preventiva solicitada. Esse tipo de prisão é pedido após o final do inquérito e dura até o julgamento. Indagado se esse seria o procedimento a seguir pela polícia nesse caso, Costa Filho preferiu desconversar. "Não falei em prisão."

Suspeita
Para o deputado federal Vicente Cascione (PTB-SP), advogado e amigo do coronel, não há dúvida de que a namorada de Ubiratan é a principal suspeita de tê-lo assassinado com um tiro no abdômen. O motivo seria ciúmes.
Segundo Cascione, Ubiratan teria um envolvimento amoroso com a delegada da Polícia Federal Renata Azevedo dos Santos, 28. Ela nega.
Para a polícia paulista, Carla, que já prestou três depoimentos -dois formais e um informal- foi ouvida na condição de testemunha.
E, apesar de todas as outras testemunhas ouvidas até agora dizerem não ter visto mais ninguém além dela com o coronel no apartamento no último sábado, ela não é classificada pela polícia como suspeita.
"A palavra suspeito é um pouco complicada. Mas eu posso dizer seguramente que há um objeto de investigação que está sendo definido", contou o delegado Costa Filho. Ao ser questionado se esse objeto seria uma pessoa, respondeu que sim. Ele não quis dizer, no entanto, se se tratava de Carla.
As declarações de Costa Filho apontam para uma definição na apuração policial -que antes indicava quatro linhas de investigação. Ela converge agora para uma única linha, a de crime passional.
"Isso foi possível graças as oitivas das testemunhas que apontam para isso. Além disso, há outros elementos também, que prefiro não dizer quais são", falou o delegado.
Somente ontem a polícia enviou o material (roupas da namorada, uma toalha com vestígios de sangue) coletado pela perícia para exames no IC (Instituto de Criminalística).
Parte desses objetos havia sido recolhida no domingo, quando o corpo do coronel foi encontrado.

Sigilo
Além de se recusar a responder a perguntas sobre a autoria do crime, a polícia também solicitou à Justiça o sigilo das investigações. Esse pedido teve ontem parecer favorável do Ministério Público.
Segundo o promotor Luiz Fernando Vaggione, a polícia pediu o sigilo do inquérito -o que impede a divulgação de dados sobre o caso- para não prejudicar as investigações.
O pedido de liberação de dados telefônicos e de sigilo no inquérito deve ser analisado hoje pelo juiz Richard Chequini, do 1º Tribunal do Júri.
Segundo o promotor, as provas coletadas pela polícia tornam Carla a principal pessoa a ser investigada.
"Por ter saído do local antes da morte e por ter uma relação amorosa com o coronel fazem dela a principal pessoa a ser investigada. Mas não é única suspeita", disse o promotor.
Carla deve ouvida novamente pela polícia antes da conclusão do inquérito, segundo o delegado Costa Filho. Na próxima segunda-feira, deve ocorrer o depoimento de dois filhos do coronel.


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