São Paulo, Sexta-feira, 15 de Outubro de 1999
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VIOLÊNCIA

Condenado pela morte da atriz Daniella Perez, ator recebe condicional; Glória Perez critica libertação
Guilherme de Pádua ganha a liberdade

da Sucursal do Rio

Condenado em janeiro de 1997 a 19 anos de prisão pela morte da atriz Daniella Perez, o ator Guilherme de Pádua foi solto ontem à tarde, em regime de liberdade condicional.
Pádua deixou o presídio Ary Franco, em Água Santa (zona norte do Rio), na companhia de seu advogado, Paulo Ramalho, e seguiu para um local não divulgado. Ramalho disse que seu cliente não daria entrevistas.
O corpo de Daniella Perez foi encontrado na Barra da Tijuca na noite de 28 de dezembro de 92. À época, Daniella e Pádua faziam par romântico na novela "De Corpo e Alma", da Rede Globo, escrita pela mãe dela, Glória Perez. Pádua foi preso na mesma noite.
Ele já cumpriu, portanto, um terço da pena (seis anos e quatro meses), um dos requisitos necessários à obtenção da condicional. Agora, ele terá que se apresentar a cada três meses à Justiça e não poderá deixar o Rio sem autorização judicial, entre outras obrigações.
O juiz da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio, Cezar Augusto Costa, considerou que, além de ter cumprido um terço da pena, Pádua preenchia o chamado "requisito subjetivo" para a liberdade condicional: o bom comportamento. "O sentenciado cumpre sua pena desde o início em unidade do sistema penitenciário, submetendo-se, assim, à disciplina rígida e à hierarquia imposta pelos agentes penitenciários, sem que se tenha observado qualquer ato de indisciplina", disse Costa em sua decisão, tomada na última sexta-feira.
A análise do comportamento de Pádua foi feita pela Comissão Técnica de Classificação do presídio Ary Franco.
Ramalho também provou que Pádua é insolvente, ou seja, não tem condições financeiras de pagar à família de Daniella Perez uma indenização que sirva como reparação do dano em âmbito criminal. "Apresentamos certidões provando que ele não tem bens para pagar a indenização. Nada mais impedia que meu cliente fosse solto", disse Ramalho.
O fato não impede que a família da vítima entre com uma ação cível de indenização, o que aconteceu. A ação ainda está em curso.
Glória Perez divulgou nota criticando a libertação. "Foram sete anos num segundo. A vida da minha filha vale só isso? Os sete anos de mordomia que Guilherme de Pádua passou dentro da cadeia?"
Glória afirma que a notícia lhe causou grande vazio. "Todo o sofrimento daquela noite em que fui buscar minha única filha morta, apunhalada e desovada num matagal, os cinco anos de exposição pública, à espera do julgamento, o peso disso tudo caiu em cima de mim." Ao final da nota, a escritora diz que Pádua levará para sempre na testa "o selo de assassino".


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