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LEGISLATIVO
Faltaram 3 votos para aprovar continuidade de investigações; divisão no PT e sumiço de peemedebistas selaram resultado
Vereadores enterram processo contra Athiê
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Com articulação do governo
nos bastidores, a Câmara Municipal arquivou as investigações
contra a vereadora afastada
Myryam Athiê (PPS), acusada de
receber ao menos R$ 40 mil para
favorecer uma viação de ônibus
sob intervenção da prefeitura.
Faltaram três votos para que
fosse aprovada a continuidade do
inquérito na Corregedoria. Eram
necessários 28 votos para que o
processo seguisse, mas só 25 foram a favor. Quinze votaram contra e cinco se abstiveram. No total,
há 54 vereadores, já que Athiê está
afastada por decisão da Justiça,
com base também na denúncia de
favorecimento à viação, e não foi
substituída.
Foram fundamentais para o arquivamento a divisão no PT e o
sumiço de vereadores do PMDB,
que ignoraram a ordem do líder
do partido, Milton Leite, e praticamente fugiram do plenário.
Como a acusação que pesa sobre Athiê está ligada a uma empresa de ônibus, vereadores acusaram o governo de articular pelo
encerramento das investigações
para que a criação de uma CPI dos
Transportes não ganhe força.
Athiê sempre tem negado as
acusações e afirma que elas partiram de "estelionatários".
Os que votaram contra o processo dizem que não há indícios
consistentes. "As provas, até agora, são insuficientes", argumentou o líder do governo, João Antonio (PT). Para os que eram a favor
da continuidade, como Tita Dias
(PT), a investigação seria uma
chance de Athiê provar inocência.
Racha no PT, fuga no PMDB
Entre os petistas, a maioria votou pelo fim do processo, com um
placar de nove a sete. Dois não estavam presentes. A divisão seguiu
o histórico recente. Os mais alinhados à prefeita Marta Suplicy
(PT) foram contra. Os "independentes" queriam a continuação.
Pouco antes da votação, o líder
do PMDB, Milton Leite, chamou
um a um os vereadores de seu
partido que não estavam no plenário, ameaçando expulsá-los.
Leite rompeu com Athiê em
2002. Além disso, a suplente da
vereadora afastada -que se elegeu pelo partido- é do PMDB.
Dois peemedebistas que estavam no prédio -Jooji Hato e José
Olímpio- não desceram. Hato,
inclusive, ficou até pouco antes da
votação no plenário. Um terceiro,
Humberto Martins, se absteve.
Leite afirmou que os três "já estão suspensos, vão enfrentar um
processo de expulsão e não devem disputar as eleições". A Folha não conseguiu falar com eles.
Quando ficou claro que os peemedebistas não apareceriam, Antonio Carlos Rodrigues (PL) chegou a ironizar Leite. "Venha para
o PL, que aqui tem comando."
Os cinco vereadores do PL votaram a favor da abertura. Rodrigues havia feito um duro discurso, acusando o governo de abafar
as denúncias. "Vocês estão jogando a sujeira para debaixo do tapete. A Myryam está sendo boi de
piranha. Tem mais coisas graves.
Eu vi alguns vereadores ligando
para minha bancada com medo
de isso [o processo] ser aberto.
Vocês estão com medo de outras
coisas", afirmou, exaltado.
No discurso, anunciou também
que Viviani Ferraz (PL), até então
líder do governo, deixava o posto.
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