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São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2003

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LEGISLATIVO

Faltaram 3 votos para aprovar continuidade de investigações; divisão no PT e sumiço de peemedebistas selaram resultado

Vereadores enterram processo contra Athiê

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com articulação do governo nos bastidores, a Câmara Municipal arquivou as investigações contra a vereadora afastada Myryam Athiê (PPS), acusada de receber ao menos R$ 40 mil para favorecer uma viação de ônibus sob intervenção da prefeitura.
Faltaram três votos para que fosse aprovada a continuidade do inquérito na Corregedoria. Eram necessários 28 votos para que o processo seguisse, mas só 25 foram a favor. Quinze votaram contra e cinco se abstiveram. No total, há 54 vereadores, já que Athiê está afastada por decisão da Justiça, com base também na denúncia de favorecimento à viação, e não foi substituída.
Foram fundamentais para o arquivamento a divisão no PT e o sumiço de vereadores do PMDB, que ignoraram a ordem do líder do partido, Milton Leite, e praticamente fugiram do plenário.
Como a acusação que pesa sobre Athiê está ligada a uma empresa de ônibus, vereadores acusaram o governo de articular pelo encerramento das investigações para que a criação de uma CPI dos Transportes não ganhe força.
Athiê sempre tem negado as acusações e afirma que elas partiram de "estelionatários".
Os que votaram contra o processo dizem que não há indícios consistentes. "As provas, até agora, são insuficientes", argumentou o líder do governo, João Antonio (PT). Para os que eram a favor da continuidade, como Tita Dias (PT), a investigação seria uma chance de Athiê provar inocência.

Racha no PT, fuga no PMDB
Entre os petistas, a maioria votou pelo fim do processo, com um placar de nove a sete. Dois não estavam presentes. A divisão seguiu o histórico recente. Os mais alinhados à prefeita Marta Suplicy (PT) foram contra. Os "independentes" queriam a continuação.
Pouco antes da votação, o líder do PMDB, Milton Leite, chamou um a um os vereadores de seu partido que não estavam no plenário, ameaçando expulsá-los.
Leite rompeu com Athiê em 2002. Além disso, a suplente da vereadora afastada -que se elegeu pelo partido- é do PMDB.
Dois peemedebistas que estavam no prédio -Jooji Hato e José Olímpio- não desceram. Hato, inclusive, ficou até pouco antes da votação no plenário. Um terceiro, Humberto Martins, se absteve.
Leite afirmou que os três "já estão suspensos, vão enfrentar um processo de expulsão e não devem disputar as eleições". A Folha não conseguiu falar com eles.
Quando ficou claro que os peemedebistas não apareceriam, Antonio Carlos Rodrigues (PL) chegou a ironizar Leite. "Venha para o PL, que aqui tem comando."
Os cinco vereadores do PL votaram a favor da abertura. Rodrigues havia feito um duro discurso, acusando o governo de abafar as denúncias. "Vocês estão jogando a sujeira para debaixo do tapete. A Myryam está sendo boi de piranha. Tem mais coisas graves. Eu vi alguns vereadores ligando para minha bancada com medo de isso [o processo] ser aberto. Vocês estão com medo de outras coisas", afirmou, exaltado.
No discurso, anunciou também que Viviani Ferraz (PL), até então líder do governo, deixava o posto.


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