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ESTEIRA LIVRE
Megaoperação conjunta com o Ministério Público foi realizada em cinco Estados; 23 pessoas foram presas
PF desmonta rede de tráfico em aeroporto
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Vinte e três pessoas acusadas de
integrar uma quadrilha internacional de tráfico de cocaína foram
presas preventivamente ontem
em uma megaoperação da Polícia
Federal realizada em cinco Estados (São Paulo, Rio, Paraná, Espírito Santo e Minas). A ação foi batizada pela PF de " Esteira Livre".
Entre os presos estão quatro
funcionários da Sata (Serviços
Auxiliares de Transportes Aéreos), empresa que presta serviços para o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, na Ilha do
Governador (zona norte). Todos
foram denunciados ontem mesmo pelo Ministério Público.
No total, incluindo os foragidos
e os que já estavam presos, 34 pessoas integrariam a quadrilha.
Pela investigação, o transporte
da droga -procedente do Paraguai, da Bolívia e da Colômbia e
destinado à Europa- era facilitado por funcionários da Sata. Por
meio deles, as malas com cocaína
chegariam aos aviões sem passar
pela esteira com raio X (capaz de
identificar a droga) nem pela PF.
Em Curitiba, foi preso um dos
supostos fornecedores da cocaína, o nigeriano Olanrewaju Charles Ayokanmi Akinmulero. Foram apreendidos com ele US$
42.130 e R$ 6.000 em notas, 16 gramas de cocaína, 20 gramas de maconha, uma balança de precisão,
rolos de fita adesiva, uma seladora
plástica, dez aparelhos de celular,
um carro e registros de transferência bancária internacional.
Segundo a PF, ele vendia a droga para seis financiadores do esquema. Três foram presos ontem,
um já estava detido e os outros
dois, italianos, estão foragidos.
Entre os presos no Rio de Janeiro está o empresário Ricardo
Dantas Valente, detido em casa,
um imóvel de luxo em São Conrado (zona sul). No momento da
operação, ele chegou a ligar para a
Polícia Militar avisando que um
grupo de assaltantes vestidos de
policiais tentava invadir sua casa.
O delegado Herbert Mesquita
afirmou que os financiadores
contratavam dois homens que levavam a droga para dentro do estacionamento do aeroporto. De
lá, sempre de acordo com o relato
da polícia, a droga chegava a Waltair Julião Tostes, funcionário da
Sata responsável pela escala dos
funcionários no transporte das
bagagens, e depois a aviões da Varig, TAP, Taag e Ibéria.
Tostes, conforme a investigação, marcava as malas (com um
lenço, por exemplo) para que os
funcionários soubessem quais
não passariam pela fiscalização.
Três funcionários foram presos
ontem: Luiz Arouca Marques,
Marco de Almeida Dalate e Willians Santos da Silva. Eles receberiam cerca de US$ 5.000 cada, por
mala com entorpecentes liberada.
Rota portuguesa
A principal entrada da droga na
Europa, segundo a PF, é Portugal.
"Há indícios de que Wilson Vasconcelos [contador aposentado
de 72 anos, preso] é o principal interlocutor da quadrilha. Tem contatos com financiadores, transportadores da droga para o aeroporto do Rio e com os compradores europeus", disse o delegado.
Para a polícia, Vasconcelos esperava o carregamento em Portugal e vendia a droga em outros
países europeus. Ele seria responsável também por obter armamento para criminosos do Rio.
Apesar de ser considerado o homem mais exposto da quadrilha
pelo delegado, Vasconcelos morava em uma casa sem luxo na favela Ladeira dos Tabajaras (em
Copacabana).
As investigações começaram há
cerca de dois anos depois da prisão de Sônia Helena Soares Mello
White, capturada com 38 quilos
de cocaína em Portugal.
Da operação participaram 210
policiais do Rio, Brasília, Espírito
Santo, Minas Gerais e São Paulo.
As prisões ocorreram no Paraná
(uma em Curitiba) e no Rio (três
na Região dos Lagos, uma na Baixada Fluminense e 16 na capital).
Colaborou a Agência Folha
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