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TRADIÇÃO
Evento criticará as eleições
"Peruada" dos alunos de direito percorre o centro
FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
VIVIANE YAMAGUTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"O riso corrige os costumes" ou,
para os poucos que se aventuram
no estudo do latim, "ridendo castigat mores". Esse é o espírito da
Peruada, a festa mais tradicional
dos estudantes de direito da USP.
A comemoração hoje corta o
centro paulistano com ato político, álcool, fantasia e trio elétrico.
Os motes deste ano são "Meu peru é gozador e quer ser vereador",
em ironia às eleições, e "Meu peru
está de luto", por causa dos assassinatos dos moradores de rua.
Otávio Pinto e Silva, aluno de
1983 a 1987 e hoje professor da faculdade, diz, no livro "A Heróica
Pancada", que a festa surgiu em
48, quando um grupo de alunos
furtou nove perus de raça de uma
exposição e fizeram banquete.
Mas há registros anteriores indicando que os estudantes já festejavam a "libertação" dos calouros. O nome Peruada viria do fato
de os novatos serem embriagados
assim como os caboclos faziam
com os perus antes do sacrifício.
O bibliófilo e empresário José
Mindlin, 90, calouro em 1932, seguiu a festa com um chuchu na
mão simbolizando o presidente
Getúlio Vargas. "Tinha 17 anos.
Miguel Reale era meu veterano."
Pinto e Silva disse que a Peruada
sempre teve esse espírito jocoso e
político, mas que, nos anos do regime militar, pela falta de liberdade, a crítica foi desaparecendo.
"A Peruada sempre foi uma
passeata político-circense-carnavalesco-etílica", diz Benedito Vitor Januário Santos, o Vitão, 58, o
"rei da Peruada" e há 26 anos no
Departamento Jurídico XI de
Agosto -órgão que presta auxílio jurídico a pessoas carentes.
Em 2001, decepcionado com o
"caráter despolitizado" da festa,
ele deixou de participar. "Pára-se
o centro num dia útil para quê?
Não há mais nada a reivindicar?"
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