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OUTRA FACE
Publicação traz boates, bares, butiques eróticas e outras atrações
Guia revela comércio erótico de São Paulo
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Para desviar do congestionamento, o paulistano se vira com o
guia de ruas. Para um jantar, abre
o de restaurantes. Mas o que fazer
quando for hora de experimentar
uma fantasia numa sex shop ou
escolher um motel bacana para
impressionar o novo caso?
Um livro que chega hoje às livrarias pode dar uma força à sua
noite especial. O "Guia Sexy São
Paulo" traz 419 endereços de boates, bares, butiques eróticas, pontos de paquera e de outras atrações eróticas que a cidade oferece.
Folheando o livro, vê-se que na
metrópole de mais de 10 milhões
de habitantes o mercado de sexo
atende a uma ampla variedade de
gostos: grupal (para heterossexuais e homossexuais), sadomasoquista, dominador, bizarro, por
telemensagem, com performances encomendadas e até o de
quem deseja desenvolver seus conhecimentos no assunto. "As escolinhas eróticas ajudam o aluno
a explorar seus sentidos", afirma
o jornalista Walter Falceta, 41, que
mergulhou por dois anos na noite
paulistana para escrever o livro.
Há aulas de dança erótica, de
culinária afrodisíaca, de pompoarismo, cursos de técnicas tântricas e de Kama Sutra e de massagem tailandesa, entre outras.
Em suas pesquisas, Falceta deparou-se com dois fenômenos: a
oferta crescente de casas de suingue na cidade (há pelo menos 12
clubes e oito motéis com camas
gigantes) e a participação das mulheres como consumidoras massivas de produtos eróticos.
Hoje, elas representam 65% da
clientela de sex shops, segundo
pesquisa da Abeme (Associação
Brasileira do Mercado Erótico).
Ao todo, o mercado movimenta
cerca de R$ 700 milhões por ano
no país. "As mulheres perderam o
medo de ser rotuladas", diz Faceta. Ele exemplifica sua tese citando a sex shop Clube das Meninas,
dentro da butique Clube Chocolate, nos Jardins (zona oeste). A
loja, aberta no início deste ano,
tem entrada vetada aos homens.
Para o psicanalista Jacob Pinheiro Goldberg, doutor em psicologia pela Universidade Mackenzie, o aumento da procura feminina por produtos e serviços
eróticos é a linguagem encontrada para que as mulheres expressem sua demanda sexual e suas
carências. "Às vezes é um recurso
inconsciente, mas é a maneira de
elas expressarem seus desejos aos
parceiros", afirma Goldberg.
"Os homens se espantam quando as mulheres tomam a iniciativa de sugerir a visita a um clube de
suingue. É um duro golpe no narcisismo masculino brasileiro."
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