São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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OUTRA FACE

Publicação traz boates, bares, butiques eróticas e outras atrações

Guia revela comércio erótico de São Paulo

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Para desviar do congestionamento, o paulistano se vira com o guia de ruas. Para um jantar, abre o de restaurantes. Mas o que fazer quando for hora de experimentar uma fantasia numa sex shop ou escolher um motel bacana para impressionar o novo caso?
Um livro que chega hoje às livrarias pode dar uma força à sua noite especial. O "Guia Sexy São Paulo" traz 419 endereços de boates, bares, butiques eróticas, pontos de paquera e de outras atrações eróticas que a cidade oferece.
Folheando o livro, vê-se que na metrópole de mais de 10 milhões de habitantes o mercado de sexo atende a uma ampla variedade de gostos: grupal (para heterossexuais e homossexuais), sadomasoquista, dominador, bizarro, por telemensagem, com performances encomendadas e até o de quem deseja desenvolver seus conhecimentos no assunto. "As escolinhas eróticas ajudam o aluno a explorar seus sentidos", afirma o jornalista Walter Falceta, 41, que mergulhou por dois anos na noite paulistana para escrever o livro.
Há aulas de dança erótica, de culinária afrodisíaca, de pompoarismo, cursos de técnicas tântricas e de Kama Sutra e de massagem tailandesa, entre outras.
Em suas pesquisas, Falceta deparou-se com dois fenômenos: a oferta crescente de casas de suingue na cidade (há pelo menos 12 clubes e oito motéis com camas gigantes) e a participação das mulheres como consumidoras massivas de produtos eróticos.
Hoje, elas representam 65% da clientela de sex shops, segundo pesquisa da Abeme (Associação Brasileira do Mercado Erótico).
Ao todo, o mercado movimenta cerca de R$ 700 milhões por ano no país. "As mulheres perderam o medo de ser rotuladas", diz Faceta. Ele exemplifica sua tese citando a sex shop Clube das Meninas, dentro da butique Clube Chocolate, nos Jardins (zona oeste). A loja, aberta no início deste ano, tem entrada vetada aos homens.
Para o psicanalista Jacob Pinheiro Goldberg, doutor em psicologia pela Universidade Mackenzie, o aumento da procura feminina por produtos e serviços eróticos é a linguagem encontrada para que as mulheres expressem sua demanda sexual e suas carências. "Às vezes é um recurso inconsciente, mas é a maneira de elas expressarem seus desejos aos parceiros", afirma Goldberg.
"Os homens se espantam quando as mulheres tomam a iniciativa de sugerir a visita a um clube de suingue. É um duro golpe no narcisismo masculino brasileiro."


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