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Mortes sobem nas principais estradas de SP
Índices pioraram nas rodovias Bandeirantes, Anhanguera, Anchieta, Imigrantes, Raposo Tavares e Castello Branco -todas privatizadas
Para Artesp, que fiscaliza estradas, causas prováveis são maior tráfego de motos, e expansão urbana nas margens das rodovias
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O índice de mortes por acidentes cresceu nas seis principais estradas estaduais de São
Paulo -Bandeirantes, Anhanguera, Anchieta, Imigrantes,
Raposo Tavares e Castello
Branco- entre 2001, três anos
após as concessões, e 2008.
No sistema Anchieta-Imigrantes, o índice detectado é
pior do que os padrões internacionais. Os dados são da Artesp,
a agência estadual responsável
pelos contratos das rodovias
concedidas à iniciativa privada.
O aumento atinge, por exemplo, as concessionárias AutoBan (Anhanguera-Bandeirantes, onde o índice passou de 1,83 para 2,32), Ecovias (Anchieta-Imigrantes, de 2,45 para
3,24) e ViaOeste (parte da Castello Branco e da Raposo Tavares, de 0,89 para 2,35).
Esse índice é resultado de
uma fórmula internacional que
considera a relação entre o número de vítimas, o fluxo de tráfego e a extensão da rodovia. A
piora ocorre apesar da expansão da fiscalização eletrônica e
da lei seca (que está em vigor
desde 2008).
Na média geral, no entanto,
a violência nas rodovias privatizadas em São Paulo apresentou
redução, de 4,12 para 3,32 -ou
seja, a melhoria foi concentrada nas estradas que não passam
pela capital paulista.
A Artesp considera seguro,
com base em padrões internacionais, estradas que obtenham
média inferior a 2,5, valor a que
a agência pretende chegar em
todas as rodovias sob concessão até 2020.
As concessionárias, porém,
não podem sofrer nenhum tipo
de sanção por conta da piora
dos índices, pois não há previsão em contrato.
Tráfego e motos
O gerente de Segurança da
Artesp, Carlos Campos, responsável pelo levantamento,
afirma que as causas mais prováveis são o aumento do tráfego, principalmente de motocicletas, crescimento de cidades
ao lado das estradas e a melhoria das condições das rodovias
- ele diz que os motoristas tendem a correr mais em estradas
que têm bom asfaltamento.
Campos diz que a principal
causa das mortes está ligada ao
aumento do tráfego de motos
-de 2000 a 2008, as mortes de
motociclistas cresceram 36%.
Segundo o professor Coca
Ferraz, coordenador do Núcleo
de Estudos de Segurança no
Trânsito da USP de São Carlos,
o número de mortes é maior do
que o apontado no estudo da
Artesp -por estarem contabilizados, de acordo com ele, os feridos em acidentes que acabam
morrendo nos hospitais.
"Estudo do Ipea [Instituto de
Pesquisas Econômicas Aplicadas] aponta que o número real
é 65% maior que as mortes
ocorridas no local", diz.
Engenheiro e professor da
UnB (Universidade de Brasília), David Duarte Lima avalia
que aumento do tráfego e da velocidade não são motivo suficiente para explicar o aumento
no índice de mortes nas rodovias terceirizadas.
"Sempre há o que fazer, como aumentar fiscalização,
adaptar pistas, realizar campanhas entre usuários."
Na opinião de Lima, metas de
redução da violência deveriam
constar nos contratos. "Foi um
erro da concessão."
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