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Mercúrio em área pública contamina crianças no interior
Elas levaram para a escola bolinhas de líquido prateado que acharam em terreno perto de casa, em Rosana (SP)
Crianças de dois e três anos podem ter dano neurológico irreversível e prefeitura recebeu multa; polícia investiga
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando Solange Antunes,
30, entrou em sua casa, viu
os móveis e o chão cobertos
por bolinhas de um líquido
prateado que seus filhos de
oito e dez anos haviam achado num terreno municipal e
derramaram ao brincar.
Poucos dias depois, no final de junho, eles e os outros
quatro irmãos começaram a
ter febre, diarreia, vômito e
irritações na pele -estavam
contaminados por mercúrio.
As crianças levaram as bolinhas para a escola e ajudaram inadvertidamente a espalhar uma contaminação
que expôs mais de cem pessoas no distrito Primavera,
em Rosana (748 km de SP).
Dois dos seis filhos de Solange, Lorraine e Estefane,
de dois e três anos, apresentaram o quadro mais grave.
Ficaram 12 dias internadas, dois meses em casa e,
em setembro, foram transferidas para Presidente Prudente e depois para o Hospital das Clínicas da Unicamp,
para tratamento adequado,
até o último dia 2.
Elas correm risco de ter danos neurológicos irreversíveis. O mercúrio é tóxico,
causa danos ao sistema nervoso e pode ser fatal, se inalado em grande quantidade.
A família também teve que
deixar a casa, interditada.
O secretário municipal de
Saúde, David Rodrigues, diz
que, dos 130 exames de pessoas com suspeita de contato, cerca de 50 o apresentaram na urina e, dessas, 12 tiveram um nível "crítico" de
mercúrio no sangue e estão
intoxicadas. Alguns resultados ainda não estão prontos.
O terreno onde as crianças
acharam cerca de 20 frascos
-ou 1,5 kg- de mercúrio metálico numa sacola de lixo
era usado como depósito de
entulho pela prefeitura.
Ao procurar saber o que
ocorreu, parentes encontraram seringas, luvas e outros
materiais de lixo hospitalar,
que não poderiam estar ali.
A área foi interditada pela
Cetesb (agência ambiental
de SP), que disse que o local
era aberto e sem controle de
acesso e aplicou multa de
R$ 82.116,42 à prefeitura.
Segundo Rodrigues, a polícia investiga quem despejou os frascos no local inadequado, mas ainda não há pistas. "Pela grande quantidade, é de clínica particular."
O secretário diz que oito
fiscais da Vigilância Sanitária da cidade recolhem lixo
hospitalar e o encaminham
para a destinação correta.
Ele afirma que foi feita
uma campanha nas escolas
da cidade e a prefeitura conseguiu rastrear todas as pessoas que estiveram em contato com o metal tóxico, que foram visitadas e tratadas.
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