São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2000

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SEGURANÇA
Um dia depois de revelado aumento da violência no Estado, governador cobra ação do governo federal contra o crime
RJ é "maravilha" perto de SP, diz Garotinho

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA SUCURSAL DO RIO

O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, voltou a comparar os índices de violência do Estado aos de São Paulo. Segundo ele, em relação a São Paulo, o Rio está "uma maravilha".
O governador fez a comparação um dia depois da divulgação dos índices de criminalidade relativos a outubro, que registraram um aumento em 7 dos 10 tipos de crimes notificados pela Secretaria da Segurança Pública -dois tiveram redução e um ficou estável.
O governador disse que a única possibilidade de melhorar rapidamente os índices de violência seria se houvesse "uma efetiva colaboração do governo federal para controlar a entrada de armas e drogas no Estado".
Segundo ele, o apoio federal "até agora é só discurso". "Falta uma política", questionou ele, afirmando, entretanto, que ainda é cedo para avaliar a eficácia do Plano Nacional de Segurança Pública, lançado há cinco meses.
Garotinho afirmou que está insatisfeito com os resultados do combate à violência.
"Está melhor do que quando eu encontrei, mas ainda está muito longe de ser o que eu quero", afirmou. "O resultado vem devagar. A população não deve perder a sua esperança."
Segundo ele, sua principal preocupação no combate à criminalidade é com o tráfico de drogas. "Ele é responsável por 70% das ocorrências. E, se não houver drogas, não há dinheiro para comprar armas", afirmou.
Para justificar seu ponto de vista de que a questão de segurança pública não está tão grave no Rio, Garotinho fez comparações com o Estado de São Paulo.
"São Paulo está muito pior do que o Rio, sem querer fazer competição", disse.
"O Rio de Janeiro está muito longe de ser o que era. Mas perto de São Paulo está uma maravilha", afirmou.
"Em São Paulo sempre nós temos notícias de empresários em cativeiro, que a Folha não divulga, por uma questão ética e para não prejudicar a vida das pessoas que estão sob a guarda dos sequestradores", afirmou ele.
O "Novo Manual da Redação" da Folha prevê que o jornal pode decidir omitir informações cuja divulgação coloque em risco a segurança de pessoa ou de empresa.
A divulgação de sequestros só é feita com autorização dos familiares da vítima ou depois da conclusão do caso.
Garotinho também reclamou das "interpretações" dos índices de segurança pública relativos ao último mês de outubro.
Segundo ele, a comparação deveria ter sido feita entre o período janeiro/outubro de 1999 e o mesmo período deste ano. E não isoladamente entre um mês e outro.
"Vocês cada vez arranjam um jeito de comparar. O método de comparação é o acumulado mês a mês com o ano anterior", afirmou o governador.
Observando os dados relativos aos últimos meses (de agosto de 1999 a outubro deste ano), o crescimento mais constante é o relativo a roubo de pedestres. Passaram de 1.114 a 1.934 ocorrências (um aumento de 74%).


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