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São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2003

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Grupos fazem mostra de dança em cadeira de rodas durante simpósio

João Wainer/Folha Imagem
Casal do grupo Roda Viva, da Paraíba, dança em Mogi das Cruzes


AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A dançarina de braços estendidos exibe a graça dos movimentos. O dançarino, em trajes elegantes, está sentado numa cadeira de rodas. Quando a música inicia, os dois se entrelaçam em giros, jogos de olhares e de ombros que fazem o público duvidar qual parceiro anda e qual é paralítico. Várias duplas "rodam" no palco.
Esta é uma das cenas da 3ª Mostra de Dança em Cadeira de Rodas dentro do 3º Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas e que foi mostrada quinta à noite. O evento termina hoje, em Mogi das Cruzes, Grande São Paulo. É promovido pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), e pela Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas.
São dois gêneros distintos de apresentações. O primeiro, mostrado na quinta, reúne grupos que têm a liberdade para criar coreografias e juntar na cena quantos cadeirantes e andantes desejarem.
No ano passado, eram cerca de 150 dançarinos, número que precisou ser limitado neste ano por conta de tantas inscrições.
Num país de tanta musicalidade, tamanha procura não estranha. O estranho é encontrar motivação onde muitos cadeirantes não tem sequer cadeira.
O outro gênero é o da dança esportiva em cadeira de rodas. Precisa seguir regras estabelecidas desde o primeiro campeonato, em 1992, e suas performances são avaliadas por um júri.
Para participar de campeonatos internacionais, o país precisa ter feito pelo menos cinco concursos internos. O Brasil está fazendo o terceiro e já fará parte, no próximo ano, da competição internacional a ser realizada no Japão.
As equipes brasileiras disputarão na categoria dos ritmos latinos, samba, tchá-tchá-tchá, rumba, passo-doble e jive.
Os encontros sempre mesclam a dança livre e a dança de competição, com apresentações científicas, por ser um campo de experimentação e de recuperação. A dança propicia também um encontro entre quem quase não se move com quem tem o movimento como arte. "A cada novo cadeirante que adere à dança, temos um andante que passa a dançar com ele", diz Eliana Ferreira, uma das coordenadoras do simpósio e presidente da confederação.
Na sua tese de doutorado, Eliana Ferreira defende que o cadeirante dança com um "corpo imaginário". "O que eles dançam, não é o que nós vemos. Se eles pensassem no corpo aleijado que têm, jamais ousariam dançar e se expor", afirma Ferreira.

Site: www.cbdcr.com.br


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