São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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Gestão Kassab agora quer pôr câmeras para vigiar bairros

Após experiência no centro, áreas como Paulista e 23 de Maio receberão equipamentos

GCM já começou a se reunir com representantes das subprefeituras para elaborar os projetos de monitoramento nos bairros


ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de três meses depois de implantar câmeras para vigiar as ruas do centro de São Paulo, a gestão Gilberto Kassab (PFL) se prepara para expandir aos bairros esse monitoramento do espaço público em tempo real.
A próxima área que deverá ser controlada por câmeras, a partir de 2007, ainda é central -avenidas Paulista, Rebouças, Doutor Arnaldo, rua da Consolação e corredor 23 de Maio.
A GCM (Guarda Civil Metropolitana), porém, já começou a se reunir com representantes de 8 das 31 subprefeituras para elaborar os projetos de monitoramento nas zonas oeste (Lapa), sul (Vila Mariana e Cidade Ademar), norte (Santana e Perus) e leste (Penha, São Mateus e Mooca), as primeiras a manifestar interesse pelo sistema.
A presença das câmeras 24 horas, em parceria com a iniciativa privada, foi adotada no centro, com 35 equipamentos, inicialmente com a justificativa de prevenção e combate à criminalidade, no total de 94 vias.
O seu uso hoje e os próprios critérios de expansão, porém, têm indicado que os paulistanos devem ser vigiados nas ruas não só para ter maior sensação de segurança e evitar roubos ou furtos, mas como inibidor de "comportamentos inadequados" e infrações ou irregularidades -que vão da presença de camelôs clandestinos, prostitutas ou de bares invadindo a calçada até ações de vandalismo.
No centro, as câmeras já ajudaram, em três meses, a fazer flagrantes de consumo e tráfico de drogas, roubo, furto, tentativa de homicídio -que são, porém, minoria das ocorrências.
O inspetor Ewander Simão de Almeida, da GCM, diz que de 80% a 90% dos alertas dados pela central de monitoramento se referem a atendimentos sociais (a moradores de rua ou a pedestres que passam mal) ou administrativos (quedas de árvore, enchentes, acidentes).
Quem atua no setor avalia que, no futuro, as câmeras tendem a ser um fato de inibição até para quem joga lixo na rua.
A contar tanto por projetos públicos como privados, a expectativa é que, em dois anos, a maioria das grandes vias movimentadas estará vigiada.

Privacidade
A discussão sobre a privacidade, mais constante em outros países, é abafada aqui pela sensação geral de insegurança.
"A área pública é pública, não tem essa questão de privacidade. Todo sistema restringe a liberdade. Mas a disciplina vem pela restrição. Quem não tem predisposição para fazer algo de errado não tem por que temer", opina Oswaldo Oggiam, diretor da Abese (associação que reúne empresas de sistemas eletrônicos de segurança).
"Diante do medo, as pessoas não dão a mínima para a privacidade. A resistência é só pelo custo", afirma Lucila Lacreta, urbanista e arquiteta do movimento Defenda São Paulo.
Nos últimos quatro anos, segundo a Abese, saltou de 150 mil para 700 mil o número de câmeras só em São Paulo - a maioria em espaços internos.


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