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Gestão Kassab agora quer pôr câmeras para vigiar bairros
Após experiência no centro, áreas como Paulista e 23 de Maio receberão equipamentos
GCM já começou a se reunir com representantes das subprefeituras para elaborar os projetos de monitoramento nos bairros
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais de três meses depois de
implantar câmeras para vigiar
as ruas do centro de São Paulo,
a gestão Gilberto Kassab (PFL)
se prepara para expandir aos
bairros esse monitoramento do
espaço público em tempo real.
A próxima área que deverá
ser controlada por câmeras, a
partir de 2007, ainda é central
-avenidas Paulista, Rebouças,
Doutor Arnaldo, rua da Consolação e corredor 23 de Maio.
A GCM (Guarda Civil Metropolitana), porém, já começou a
se reunir com representantes
de 8 das 31 subprefeituras para
elaborar os projetos de monitoramento nas zonas oeste (Lapa), sul (Vila Mariana e Cidade
Ademar), norte (Santana e Perus) e leste (Penha, São Mateus
e Mooca), as primeiras a manifestar interesse pelo sistema.
A presença das câmeras 24
horas, em parceria com a iniciativa privada, foi adotada no
centro, com 35 equipamentos,
inicialmente com a justificativa
de prevenção e combate à criminalidade, no total de 94 vias.
O seu uso hoje e os próprios
critérios de expansão, porém,
têm indicado que os paulistanos devem ser vigiados nas ruas
não só para ter maior sensação
de segurança e evitar roubos ou
furtos, mas como inibidor de
"comportamentos inadequados" e infrações ou irregularidades -que vão da presença de
camelôs clandestinos, prostitutas ou de bares invadindo a calçada até ações de vandalismo.
No centro, as câmeras já ajudaram, em três meses, a fazer
flagrantes de consumo e tráfico
de drogas, roubo, furto, tentativa de homicídio -que são, porém, minoria das ocorrências.
O inspetor Ewander Simão
de Almeida, da GCM, diz que de
80% a 90% dos alertas dados
pela central de monitoramento
se referem a atendimentos sociais (a moradores de rua ou a
pedestres que passam mal) ou
administrativos (quedas de árvore, enchentes, acidentes).
Quem atua no setor avalia
que, no futuro, as câmeras tendem a ser um fato de inibição
até para quem joga lixo na rua.
A contar tanto por projetos
públicos como privados, a expectativa é que, em dois anos, a
maioria das grandes vias movimentadas estará vigiada.
Privacidade
A discussão sobre a privacidade, mais constante em outros países, é abafada aqui pela
sensação geral de insegurança.
"A área pública é pública, não
tem essa questão de privacidade. Todo sistema restringe a liberdade. Mas a disciplina vem
pela restrição. Quem não tem
predisposição para fazer algo
de errado não tem por que temer", opina Oswaldo Oggiam,
diretor da Abese (associação
que reúne empresas de sistemas eletrônicos de segurança).
"Diante do medo, as pessoas
não dão a mínima para a privacidade. A resistência é só pelo
custo", afirma Lucila Lacreta,
urbanista e arquiteta do movimento Defenda São Paulo.
Nos últimos quatro anos, segundo a Abese, saltou de 150
mil para 700 mil o número de
câmeras só em São Paulo - a
maioria em espaços internos.
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