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PMs são suspeitos de obrigar estudante a beber lança-perfume
Rapaz morreu, segundo investigação, após ser abordado por
policiais e ser obrigado a beber produto e correr
Toxicologista diz que, se
ingerida, substância pode
acelerar freqüência cardíaca;
principal testemunha diz ter
sido ameaçada por policiais
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Seis policiais militares que
atuam em Itaquera (zona leste)
são suspeitos de, durante abordagem, terem obrigado um estudante de 18 anos a beber lança-perfume. O rapaz morreu.
Os PMs são investigados pela
Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar. Marcos
Paulo Lopes de Souza, 18, morreu na madrugada de segunda.
O lança-perfume é uma droga composta por éter, cloreto
de etila, clorofórmio e essência
perfumada, bastante usada entre os adolescentes para obter
sensação de entorpecimento.
Ela destrói células do cérebro
e pode levar o usuário a ter desmaios ou, em caso extremos,
até a morte após parada cardíaca, segundo Anthony Wong, toxicologista da USP. Caso ingerido, pode acelerar a freqüência
cardíaca. A pessoa submetida a
um grande esforço físico após a
ingestão sofre os efeitos potencializados. Nesse caso, Souza
foi obrigado a correr.
Duas testemunhas narraram
aos investigadores que Souza
estava acompanhado de outro
jovem, identificado como John.
Ele está desaparecido.
Pelo relato, os dois cheiravam lança-perfume numa rua a
poucos metros do prédio onde
estão o 103º Distrito Policial
(Cohab 2 Itaquera) e a 7ª Seccional Leste, quando um carro
Blazer da PM, com a inscrição
"Tático Móvel", os abordou.
Segundo uma testemunha,
John, após ter sido liberado,
passou a correr desesperadamente e a gritar que os PMs haviam os obrigado a beber lança-perfume, os ameaçaram de
morte e os obrigaram a correr.
Souza recebeu os primeiros socorros de um morador do conjunto de prédios da rua. Ele tinha a pulsação fraca.
O laudo sobre a causa da
morte do jovem ainda não foi
concluído pela perícia.
Policiais civis do 103º DP foram chamados para ajudar no
socorro, mas ele chegou morto
ao hospital. O corpo não tinha
sinais aparentes de agressões.
O boletim de ocorrência registra "morte suspeita".
A principal testemunha da
abordagem policial revelou aos
policiais do 103º DP que os PMs
sob investigação o ameaçaram.
Ao ser levada por dois oficiais
da PM para uma sessão de reconhecimento no 39º Batalhão, a
testemunha relatou que PMs
disseram para ele tomar cuidado com o que iria dizer para não
ter o mesmo fim que Souza.
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