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Homem de 96 anos é acusado de tráfico
PM apreendeu 29 trouxas de pasta-base de cocaína; drogas estavam na casa do preso, na periferia de Cuiabá
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Anteontem, a Polícia Militar
de Mato Grosso prendeu em
flagrante um homem de 96
anos suspeito de usar sua casa
-localizada na periferia de
Cuiabá- como ponto de venda
de drogas. Nascido em maio de
1912, João Daniel dos Santos foi
denunciado por um suposto
cliente 66 anos mais novo.
Segundo os policiais, havia
no local 29 trouxas de pasta-base de cocaína e R$ 190 em dinheiro. A droga estava escondida na casa de Santos e também
dentro de uma sacola, em um
terreno vizinho.
"Ele viu a polícia por perto e
tentou se livrar do flagrante jogando parte da droga por cima
do muro do vizinho", disse o
major Jabes Lira, subcomandante do grupamento da Polícia Militar responsável pela
prisão de Santos.
Lira conta que tem se tornado comum o envolvimento de
pessoas mais velhas no tráfico,
mas confessa que o caso de
Santos foi o "mais estranho"
em 15 anos de profissão. "O recorde havia sido um senhor de
76 anos, mas esse caso superou
todas as expectativas", disse o
major.
Ao ser preso, Santos negou
ser o dono da droga e disse ter
sido enganado pelo homem que
o delatou. Na versão dada por
ele à polícia, Santos explicou
que aceitara guardar uma sacola em sua casa, pouco antes da
PM chegar, mas que não sabia o
qual era o conteúdo que ela
guardava. Sobre o dinheiro encontrado em sua casa, ele disse
que é parte da sua aposentadoria.
"Em geral, esse tipo de tráfico movimenta pequenas somas. É comum encontrar nos
pontos de venda uma quantidade anormal de notas de R$ 5 e
R$ 10", afirma o major.
Segundo a Polícia Civil, o delator, que havia sido preso pouco antes com três trouxas de
pasta-base, disse em depoimento ao delegado de plantão
que havia comprado a droga na
casa do aposentado.
Santos foi levado para o presídio do Carumbé, em Cuiabá
(MT) e ainda não tem um advogado. Segundo o Código Penal,
a idade acima de 70 anos é uma
circunstância atenuante na
aplicação da pena. O Estatuto
do Idoso prevê "prioridade na
tramitação dos processos" em
que estão como partes pessoas
com idade igual ou superior a
60 anos.
Durante o dia de ontem, a
Folha não conseguiu falar com
o aposentado ou com os parentes dele.
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