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Secretaria dos Transportes vai comprar helicóptero
Para driblar engarrafamentos, aeronave será usada para transportar autoridades e técnicos
Gestão Serra não divulga quanto vai gastar, mas especialistas afirmam que
o valor da compra pode ultrapassar os R$ 10 milhões
ALENCAR IZIDORO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria dos Transportes
do governo José Serra (PSDB)
resolveu driblar os engarrafamentos do trânsito e os obstáculos das rodovias de São Paulo
pelo ar- com um helicóptero
que será comprado para transportar técnicos e autoridades.
A pasta, responsável por empreendimentos como duplicação de estradas, ampliação da
marginal Tietê e trechos do Rodoanel, alega a "necessidade de
deslocamentos rápidos" para
acompanhar e vistoriar um
"grande número" de obras em
andamento ou projetadas.
Entre as regras para a aquisição do helicóptero "novo de fábrica", a Secretaria dos Transportes exige que ele tenha capacidade para decolar do Palácio dos Bandeirantes, sede de
trabalho do governador Serra.
Mas a pasta nega que essa seja a
sua principal atribuição -diz
que é só um "exemplo" citado
na licitação.
Comandada por Mauro Arce,
a secretaria não divulga quanto
estima gastar com a compra.
De acordo com especialistas
ouvidos pela reportagem, o valor poderá ultrapassar R$ 10
milhões -sem contar as despesas com a manutenção e os profissionais para a operação da
aeronave.
Esse dinheiro supera, por
exemplo, os gastos de R$ 8,1
milhões anunciados pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM)
no ano passado num pacote de
nove "obras viárias de grande
importância", com ampliações
de plataformas e reformas de
paradas, para aumentar em
10% a velocidade média dos
ônibus nos corredores.
O edital de licitação lançado
pela secretaria pede que a aeronave tenha capacidade para
dois pilotos e cinco passageiros.
O helicóptero terá autonomia
para voar até 600 quilômetros
sem reabastecer.
O prazo máximo para a entrega definitiva do helicóptero
é de oito meses depois da assinatura do contrato. O pregão
para a compra deve ocorrer na
semana que vem.
Assentos em couro
O governo Serra diz que a nova aeronave poderá ser usada
pelos diversos órgãos ligados à
Secretaria dos Transportes, para acompanhar desde as obras
nas estradas como em portos,
hidrovias e aeroportos.
A pasta diz que, hoje em dia,
essas viagens são feitas por automóveis, voos comerciais
("muitas vezes não disponíveis") ou locação de helicópteros. Afirma prever um gasto de
R$ 1,6 milhão neste ano com essas duas últimas despesas.
Dentre as características exigidas da aeronave estão "assentos em couro", "carpete", "sistema de ar condicionado apropriado para clima tropical",
"iluminação individual nos assentos para leitura" e "compartimento para guarda e conservação de alimentos e bebidas".
O helicóptero também precisará ter dimensões internas "de
modo a evitar interferência física entre pernas dos passageiros sentados frente a frente" e
revestimento reforçado para
atenuar os ruídos, "de modo
que possibilite a comunicação
normal entre os passageiros".
Custo
Três especialistas em tráfego
aéreo ouvidos pela Folha dizem que uma aeronave com as
características da exigida no
edital da secretaria custa no
mínimo US$ 4 milhões (em
torno de R$ 6,8 milhões).
Mas, da mesma forma como
ocorre com carros, a previsão
de itens opcionais (incluindo
ainda piloto automático, capacidade para voo por instrumentos, sistema especial de
iluminação) podem elevar os
custos para até US$ 6 milhões
(R$ 10,2 milhões).
A manutenção de um equipamento do tipo custa, em média, US$ 30 mil (R$ 51 mil). Caso a gestão Serra opte por contratar piloto e co-piloto com
valores pagos pela iniciativa
privada, só em salários seriam
cerca de R$ 45 mil ao mês.
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