São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2010

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Fuga de sete jovens de ex-Febem causa motim e fere três agentes

Rebelião na Fundação Casa de Araraquara durou oito horas

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Uma rebelião na Fundação Casa de Araraquara, que durou cerca de oito horas, resultou na fuga de sete menores e deixou três agentes de apoio socioeducativo feridos -um deles em estado grave.
O motim começou por volta das 20h de anteontem. Agentes deixavam uma área entre as alas, quando cerca de 33 adolescentes forçaram uma porta e correram para a saída da unidade.
Sete saíram pela porta da frente. Os outros 26 foram contidos pelos funcionários, mas diante da fuga frustrada iniciaram um motim fazendo três agentes como reféns.
Os internos subiram no telhado da unidade e, cobrindo os rostos com camisetas, balançavam uma bandeira branca. Durante o tumulto foram quebradas mesas e cadeiras de plástico, cujos pedaços pontiagudos foram usados como armas contra os funcionários.
O agente que ficou mais ferido teve cortes nas pernas, nas orelhas e perto dos olhos. Ele ainda foi alvo de uma paulada que deslocou um dos braços.
O nome do agente não foi divulgado e ele segue internado no Cema (Centro Medico Araraquara), mas não corre risco de morte.

NEGOCIAÇÕES
Segundo o diretor regional da Fundação Casa, Roberto Damásio, os menores exigiram a presença de parentes para ajudar nas negociações. Quatro mães foram autorizadas a entrar na unidade.
Os internos ainda pediram a presença de uma equipe de televisão, mas apenas a câmera de uma TV local foi usada para gravar o final do motim. As imagens foram apagadas em seguida.
Parentes dos menores que estavam em frente à unidade chegaram a reclamar de maus-tratos, mas não houve confirmações. Mesmo assim, Damásio disse que vai abrir uma sindicância e mandar o caso para a corregedoria.
Ainda de acordo com o diretor regional da fundação, os menores reclamaram da água gelada do banho e da má qualidade dos sabonete e xampus usados por eles.
"Eles não tinham nenhuma reivindicação que justificasse essa ação. Se rebelaram mesmo por causa da fuga frustrada. Depois ficaram preocupados com uma possível retaliação, mas garanti que não vai haver represália", disse Damásio.
A tropa de choque foi chamada, mas não entrou no local. A rebelião só teve fim por volta das 4h de ontem, quando uma contagem confirmou a fuga de sete. Até o fechamento desta edição nenhum havia sido recapturado.
Ontem, a visita na unidade foi reduzida, mas apenas para os que participaram da rebelião. Os demais, segundo Damásio, receberam as visitas normalmente. A unidade abrigava 72 menores quando começou o tumulto.


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