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EDUCAÇÃO
Dado do MEC revela que falta de sintonia entre redes estaduais e municipais pode inviabilizar transferência de alunos
Ensino 'frankenstein' deixa aluno ilhado
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
A falta de sintonia nas mudanças
que Estados e municípios vêm fazendo nas redes de ensino está
criando um sistema "frankenstein". O efeito colateral é que, hoje, uma simples transferência do
aluno de uma escola para outra
corre risco de ser inviável.
A avaliação é do Ministério da
Educação, com base em um estudo do Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais), que realizou mapeamento
inédito nas redes de 27 Estados.
Pelo estudo, 19 unidades da federação já alteraram a organização do ensino. Só que cada uma
fez a mudança à sua maneira. O
resultado é que, hoje, já é difícil
encontrar dois Estados vizinhos
com sistemas educacionais iguais.
Em alguns Estados, o novo e o
velho convivem dentro da própria
rede. Isso acontece porque, na
maioria das unidades da federação, a transformação é gradativa
-algumas escolas começam a desenvolver o projeto e só depois a
experiência é universalizada.
A autonomia total para Estados
e municípios organizarem o ensino foi concedida pela LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação),
aprovada há menos de dois anos.
"A LDB deu muita liberdade para os sistemas educacionais. O que
estamos temendo é que haja problema de incompatibilidade entre
os sistemas", afirma o ministro
da Educação, Paulo Renato Souza.
Uma das mudanças com maior
potencial de gerar incompatibilidades é a substituição da tradicional divisão em séries por ciclos.
Em Minas Gerais, por exemplo,
as antigas oito séries viraram dois
ciclos de quatro anos. Já o Distrito
Federal -que ampliou o ensino
fundamental de oito para nove
anos- optou por três ciclos de
três anos.
Outro fator de conflito são as
classes de aceleração, concebidas
para que os alunos muito atrasados recuperem o tempo perdido.
Embora tenham sido implantadas em 19 Estados e no Distrito Federal, cada um criou regras específicas de acesso a essas classes.
Enquanto no Amazonas alunos de
8 anos já podem ingressar nas
classes de aceleração, no Mato
Grosso do Sul eles precisam ter
pelo menos 12 anos.
Para evitar a incompatibilidade
total, o MEC sugeriu ao Conselho
Nacional de Educação que fixe regras gerais para as mudanças.
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