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ENSINO FRANKENSTEIN
Mudanças no ensino devem reduzir repetência, que, em 96, causou ao país prejuízo de R$ 4,7 bi
Queda da reprovação compensará custos
da Sucursal de Brasília
Treinar professores para dar aulas no sistema de ciclos, criar material didático próprio em substituição aos livros, aumentar a rede
física para atender alunos a partir
dos 6 anos. Esses são alguns dos
gastos que Estados e municípios
têm para fazer as mudanças propostas pela LDB (Lei de Diretrizes
e Bases da Educação).
O governo federal também tem
aumento de custos. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), por exemplo,
precisará implantar uma nova metodologia de censo escolar.
Embora as mudanças custem caro, a economia decorrente da redução no número de reprovações
termina compensando os custos
iniciais das transformações.
Cada vez que um aluno é reprovado, os cofres públicos perdem
R$ 577. Em 96, ano em que a LDB
foi aprovada, o Brasil perdeu R$
4,7 bilhões por conta da reprovação e do abandono escolar.
Esse dinheiro pode ser economizado com a adoção das mudanças
propostas pela LDB, porque a
substituição das séries por ciclos
reduz o número de reprovados.
No Distrito Federal, que sempre
teve uma das mais altas taxas de
reprovação do país, as mudanças
começaram a surtir efeito.
Em 94, o índice de aprovação no
ensino fundamental era de 70,1%.
Em 97, pulou para 76,4%.
Mas o MEC alerta que, ao eliminar a reprovação com a introdução dos ciclos, os Estados têm de
estar conscientes de que é preciso
dar condições ao professor de avaliar continuamente o aluno. "Não
basta acabar com a repetência,
pois o aluno continuará sem
aprender nada", diz Maria Helena
Guimarães, presidente do Inep.
O treinamento de professores foi
uma das questões cruciais das mudanças implementadas no Distrito
Federal. Como os conteúdos passaram a ser trabalhados de forma
interdisciplinar, os professores tiveram de voltar à sala de aula para
aprender de novo como ensinar.
"Por enquanto, ainda estamos
gastando muito com o treinamento dos professores para se adequarem às mudanças", diz Antonio
Ibañez, secretário da Educação do
Distrito Federal.
A ex-professora de 5ª série Rejane Gomide, formada em geografia, até o ano passado só dava aulas
de história e geografia.
Quando assumiu a turma de 11
anos da 2ª fase da Escola Classe 27
(equivalente à 5ª série), teve de ensinar também matemática, ciências e português. "No início, achei
que não iria conseguir. Mas os outros professores me ajudaram e
hoje não troco o sistema de fase
por nada", diz.
O problema de Rejane é semelhante ao de muitos professores
que foram preparados para ensinar apenas uma disciplina e, com
a implantação dos ciclos, se viram
obrigados a virar generalistas.
(DF)
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