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SAÚDE
Iniciativa do governo estadual de atendimento da família, Qualis conta com 95% de aprovação e é bandeira de campanha do PSDB
Estado não quer entregar programa a Marta
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria de Estado da Saúde
de São Paulo não quer entregar o
controle do seu Programa de Saúde da Família na capital, o Qualis,
à prefeitura paulistana.
A responsável pelo programa
estadual, Rosa Maria Barros dos
Santos, admite que não é propício
que o Estado se desfaça do Qualis
em um período pré-eleitoral.
Com 95% de aprovação da população em pesquisa encomendada pelo governo estadual ao IBGE
em 2000, o programa é o maior do
país e uma das principais bandeiras de campanha dos tucanos.
Segundo nota oficial da secretaria, não há cronograma para a entrega do Qualis e a administração
municipal não está preparada para assumir a iniciativa.
O secretário municipal da Saúde, Eduardo Jorge, espera assumir
o Qualis até o fim do ano, dentro
do cronograma que prevê o início
do gerenciamento pela prefeitura
de toda a rede de atenção básica
da cidade. A municipalização do
atendimento é um dos princípios
do SUS (Sistema Único de Saúde).
Caso assuma o programa, Jorge
passará a gerir cerca de R$ 5 milhões repassados pelo Ministério
da Saúde ao Qualis por mês.
O valor representa mais da metade da verba para a atenção básica transferida mensalmente pela
União ao município de São Paulo,
cerca de R$ 8 milhões.
Hoje, com o Qualis sob gestão
estadual, o secretário do município tem de entregar o valor que
custeia o programa para o Estado.
Jorge afirma que há um cronograma para entrega das unidades
do programa sendo elaborado pelo Estado, o que é negado pela assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde. Ele disse
não reconhecer a nota oficial da
secretaria porque ela não está assinada pelo secretário estadual da
Saúde, José da Silva Guedes, mas
por sua assessoria de imprensa.
Segundo Jorge, Guedes "deu a
palavra" que apresentaria o cronograma de entrega ainda neste
ano. O secretário de Estado não
quis comentar o assunto.
"É um programa especial de governo e pelo que estou entendendo vai continuar [com o Estado".
Isso é o que entendi da última
conversa com governador. Eles [a
prefeitura" estão aprendendo
com a gente a fazer o projeto, temos ajudado em tudo o que é necessário", afirmou Rosa, responsável pelo programa estadual, durante entrevista à Folha no dia 27
de novembro.
Questionada se a entrega do
programa traria prejuízos políticos no próximo ano, quando
ocorrem as eleições para governador, respondeu: "Eu acho que seria um prejuízo grande um governo não mostrar o serviço que ele
fez. Apesar de ser um projeto que
é do ministério, São Paulo inovou.
Foi o primeiro lugar que colocou
saúde mental, bucal."
De acordo com Rosa, a prefeitura informou que não continuará
serviços adicionais que o governo
do Estado implantou no Qualis,
como saúde bucal e reabilitação.
"Vai ser um prejuízo muito grande nós perdermos essas conquistas", afirma.
Jorge nega que os serviços adicionais serão interrompidos.
"O processo de municipalização
é natural. Agora é difícil entregar
sabendo que [o serviço] vai ser
empobrecido. Mas sou favorável
à municipalização, acho que é um
processo de enriquecimento, estou fazendo o discurso provável
de governo", diz Rosa.
O Qualis, implantado inicialmente na zona leste de São Paulo
em abril de 1996, conta hoje com
mais de 50 unidades espalhadas
pela cidade e mil equipes.
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