São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

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TRÂNSITO

CET diz que não há intenção de mudar regras, mas paga empresa para desenvolver alternativas à restrição veicular

Serra faz contrato para reestudar rodízio

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo José Serra (PSDB) contratou uma empresa para reestudar mudanças no rodízio de veículos da capital paulista.
A administração tucana já havia cogitado fazer modificações nas regras da restrição no primeiro semestre deste ano -mas tinha descartado essa possibilidade em seguida sob a alegação de que era necessário, antes, fazer com que seja cumprida a regra atual, que veta a circulação de 20% da frota diária no centro expandido.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), responsável pelos primeiros estudos, é quem formalizou a nova contratação, publicada ontem no "Diário Oficial" e cujas motivações oficiais ainda são cercadas por dúvidas.
O resumo do contrato firmado com a empresa Projeto 34 Arquitetura e Engenharia Ltda. prevê que, em três meses, ela deve entregar relatórios com "estratégias alternativas ao rodízio atual, com controle por área, corredores ou pontos críticos", além de fornecer "critérios para avaliar diferentes alternativas quanto aos seus custos e benefícios" e ajudar na "assessoria geral no desenvolvimento e avaliação das alternativas".
Oficialmente, no entanto, a gestão Serra nega a intenção de introduzir qualquer mudança nos critérios. Entre as possibilidades que foram cogitadas no primeiro semestre deste ano estavam a adoção da restrição somente em algumas grandes vias e a ampliação do horário dela (hoje a norma é válida entre as 7h e as 10h e entre as 17h e as 20h) e da área.
A Folha pediu entrevista ontem para a CET para ter os esclarecimentos, mas a assessoria de imprensa somente enviou uma nota. No texto, ela diz que "os produtos deste novo contrato em nada vão mudar a decisão de manutenção do atual modelo de rodízio". Segundo a companhia, a contratação da Projeto 34 Arquitetura e Engenharia Ltda. "visa à consolidação dos estudos efetuados no primeiro semestre pela CET, para estabelecer um registro histórico desses estudos, assim como uma ferramenta para futuras análises".
A companhia não disse, no entanto, por que os serviços previstos no resumo do contrato diferem dessa finalidade oficial.
Já Flamínio Fichmann, um dos donos da Projeto 34, diz que até o final de março de 2006 terá um relatório pronto para a prefeitura, no qual estuda, entre outras hipóteses, ampliar o rodízio para o dia inteiro, proibir os veículos de circularem mais de um dia na semana e aumentar a área de restrição. "Faremos várias simulações para que elas possam subsidiar as decisões da CET", afirma.
A empresa Projeto 34 Arquitetura e Engenharia Ltda. foi contratada por dispensa de licitação devido ao valor -R$ 15.900.
No segundo semestre deste ano, a administração Serra adotou um "choque de fiscalização", incluindo câmeras que flagram os carros que burlam a restrição. Com isso, as multas por desobediência ao rodízio de veículos praticamente dobraram em relação a 2004.
A CET afirma que a fiscalização levou ao aumento de 5% no índice de respeito ao rodízio em São Paulo -isso representa 40 mil veículos a menos em circulação nos horários de pico.


Colaborou GIOVANNA BALOGH, do "Agora"

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