São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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Acidentes em rodovias custam R$ 22 bi por ano

Ipea aponta gasto médio de R$ 59 mil; em caso com morte, chega a R$ 418 mil

Valores consideram de despesas com veículos e vias até gastos com remoção, hospitalares e perda de produtividade das vítimas

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cada acidente numa rodovia brasileira representa um custo médio aproximado de R$ 59 mil. Mesmo que seja sem vítimas, ele já costuma significar R$ 17 mil. Quando envolve mortos, o valor atinge R$ 418 mil -20 carros populares.
Os cálculos são de um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado ao governo federal) concluído em 2006, que computou um total de R$ 22 bilhões por ano gastos pelo país em acidentes nas estradas municipais, estaduais e federais -R$ 4,3 bilhões são no Estado de São Paulo.
Os valores, com base em dezembro de 2005, consideram de despesas materiais com reparos ou substituição de veículos e vias até os gastos com remoção, hospitalares e perda de produtividade das vítimas.
Cada vez que um veículo se acidenta na estrada, há gastos individuais, da iniciativa privada e diretamente dos cofres públicos -com impostos de toda a população. No final das contas, os custos alcançam 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto).
"Na área hospitalar, mais de 90% da despesa é pública", diz Júlia Greve, médica do Hospital das Clínicas de São Paulo e consultora da pesquisa, que teve a participação do Departamento Nacional de Trânsito e da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
O custo anual é 35 vezes superior à quantia gasta pela União de 1998 a 2005 com recursos do DPVAT (seguro obrigatório) e do Funset (fundo de multas) em ações voltadas principalmente à prevenção de acidentes e segurança viária.
O levantamento foi seguido de uma enquete com 280 vítimas de acidentes sobre a disposição de pagar uma taxa extra do IPVA para ações preventivas. O total contrário atingiu 75%, por razões diversas (como já pagar muito imposto e temer desvios para corrupção).
No Brasil, as mortes no trânsito em todas as vias passam de 30 mil ao ano. Estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2004 indicava que a média de 18,7 vítimas por 100 mil habitantes era inferior à da África (28,3) e maior que as de EUA (15,2) e União Européia (11). Os dados brasileiros, porém, são agravados pela subnotificação estatística e por haver discrepâncias -capitais como Boa Vista (RR) detinham marcas até superiores às africanas.

Motos e bicicletas
O envolvimento de pedestres e de veículos mais frágeis, como bicicletas e motocicletas, é destacado como preocupação adicional pelo estudo do Ipea por representar maior fatalidade.
Num acidente com bicicleta, o gasto médio ligado ao veículo se limita a R$ 89, mas salta para mais de R$ 50 mil quando consideradas as demais despesas com vítimas -já que quase toda ocorrência do tipo é grave.
O estudo tomou como referência registros em 2004 e 2005 nas rodovias federais e detalhou as vias mais perigosas nessa malha -por número de acidentes ou mortes em relação à extensão. A BR-381, com 1.188 km, que passa por três Estados (ES, MG e SP), foi a líder, seguida pela BR-450 (com 37 km, no DF) e pela BR-040 (com 1.179 km, em GO, DF, MG e RJ).


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