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Acidentes em rodovias custam R$ 22 bi por ano
Ipea aponta gasto médio de R$ 59 mil; em caso com morte, chega a R$ 418 mil
Valores consideram de despesas com veículos e vias até gastos com remoção, hospitalares e perda de produtividade das vítimas
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Cada acidente numa rodovia
brasileira representa um custo
médio aproximado de R$ 59
mil. Mesmo que seja sem vítimas, ele já costuma significar
R$ 17 mil. Quando envolve
mortos, o valor atinge R$ 418
mil -20 carros populares.
Os cálculos são de um estudo
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada, ligado ao
governo federal) concluído em
2006, que computou um total
de R$ 22 bilhões por ano gastos
pelo país em acidentes nas estradas municipais, estaduais e
federais -R$ 4,3 bilhões são no
Estado de São Paulo.
Os valores, com base em dezembro de 2005, consideram
de despesas materiais com reparos ou substituição de veículos e vias até os gastos com remoção, hospitalares e perda de
produtividade das vítimas.
Cada vez que um veículo se
acidenta na estrada, há gastos
individuais, da iniciativa privada e diretamente dos cofres públicos -com impostos de toda a
população. No final das contas,
os custos alcançam 1,2% do PIB
(Produto Interno Bruto).
"Na área hospitalar, mais de
90% da despesa é pública", diz
Júlia Greve, médica do Hospital das Clínicas de São Paulo e
consultora da pesquisa, que teve a participação do Departamento Nacional de Trânsito e
da ANTP (Associação Nacional
de Transportes Públicos).
O custo anual é 35 vezes superior à quantia gasta pela
União de 1998 a 2005 com recursos do DPVAT (seguro obrigatório) e do Funset (fundo de
multas) em ações voltadas
principalmente à prevenção de
acidentes e segurança viária.
O levantamento foi seguido
de uma enquete com 280 vítimas de acidentes sobre a disposição de pagar uma taxa extra
do IPVA para ações preventivas. O total contrário atingiu
75%, por razões diversas (como
já pagar muito imposto e temer
desvios para corrupção).
No Brasil, as mortes no trânsito em todas as vias passam de
30 mil ao ano. Estudo da OMS
(Organização Mundial da Saúde) de 2004 indicava que a média de 18,7 vítimas por 100 mil
habitantes era inferior à da
África (28,3) e maior que as de
EUA (15,2) e União Européia
(11). Os dados brasileiros, porém, são agravados pela subnotificação estatística e por haver
discrepâncias -capitais como
Boa Vista (RR) detinham marcas até superiores às africanas.
Motos e bicicletas
O envolvimento de pedestres
e de veículos mais frágeis, como
bicicletas e motocicletas, é destacado como preocupação adicional pelo estudo do Ipea por
representar maior fatalidade.
Num acidente com bicicleta,
o gasto médio ligado ao veículo
se limita a R$ 89, mas salta para
mais de R$ 50 mil quando consideradas as demais despesas
com vítimas -já que quase toda
ocorrência do tipo é grave.
O estudo tomou como referência registros em 2004 e
2005 nas rodovias federais e
detalhou as vias mais perigosas
nessa malha -por número de
acidentes ou mortes em relação
à extensão. A BR-381, com 1.188
km, que passa por três Estados
(ES, MG e SP), foi a líder, seguida pela BR-450 (com 37 km, no
DF) e pela BR-040 (com 1.179
km, em GO, DF, MG e RJ).
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