São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Com faca, lutador Ryan Gracie rouba carro, bate e é preso

Integrante do clã de jiu-jítsu Gracie, Ryan, 34, estava "alterado", segundo testemunhas

Campeão de luta é acusado de roubar um Corolla, arrebentá-lo em um banco de cimento e então atacar um motoboy em São Paulo

Patrícia Stavis/Folha Imagem
Ryan Gracie, 34, foi preso em uma tentativa frustrada de roubo


PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O lutador de jiu-jítsu Ryan Gracie, 34, não precisou aplicar nenhum golpe para inutilizar no início da tarde de ontem um Toyota Corolla 2007.
Em uma tentativa frustrada de roubo, no Itaim Bibi, zona oeste de São Paulo, Gracie rendeu com uma faca de cozinha o dono do Corolla, um senhor de 76 anos, saiu com o carro em disparada e acabou perdendo a direção cerca de 600 m adiante.
Atingiu um orelhão e "encalhou" em um banco de cimento. Bastante alterado, segundo testemunhas, o instrutor abandonou o carro e tentou uma nova vítima, que dirigia um Fiat Fiorino e conseguiu fugir. Gracie então partiu para cima de um motoboy parado no sinal da avenida Henrique Chamma, esquina com a avenida Juscelino Kubistchek, mas logo outros motoqueiros o encurralaram, junto com a polícia.
Detido no 15ºDP, do Itaim Bibi, Ryan Gracie será autuado duas vezes, por flagrante de roubo de automóvel e tentativa de roubo. O lutador alegou, segundo policiais, que estava sendo "perseguido pelo pessoal da favela e pelo PCC (Primeiro Comando da Capital)".
O delegado plantonista Ailton Braga diz que solicitou um exame toxicológico para saber se Gracie estava sob efeito de alguma substância química. As vítimas também passarão por exames de corpo de delito.
Braga afirma que recebeu uma ligação do advogado de uma clínica psicológica no interior, para informar que Gracie passa por tratamento no local.
O delegado afirma que o tratamento, se confirmado, não muda a situação do flagrante do lutador de jiu-jítsu.
De acordo com o registro de ocorrências anteriores no próprio 15ºDP, Gracie já havia sido detido três vezes por agressões, uma delas a uma mulher.
O filho do proprietário do Corolla, que prefere não se identificar e não quis deixar o pai dar entrevistas, afirma que o lutador não chegou a agredi-lo fisicamente.
Ele diz que seu pai nunca tinha sido assaltado e que, por sorte, não estava acompanhado de nenhum dos cinco netos, que costuma conduzir.
Depois de prestar depoimento na delegacia, o motoboy Adriano da Silva Souza, 29, a outra vítima, se apóia na caixa grande de isopor que usa diariamente para entregar lanches do McDonald's. Diz que o lanche que entregaria foi repassado para outro motoboy.
Pelo seu relato, "tudo aconteceu muito rápido". Assim que ele desceu da moto, o lutador assumiu o guidom, mas, ao tentar ligar o motor, foi impedido por outros motoqueiros que chegavam. Sentindo-se mais seguro com o apoio dos colegas, Souza deu uma "capacetada" na cabeça de Gracie, que caiu e, em seguida, foi detido por policiais que também apareceram.
De acordo com Souza, o lutador parecia alterado. "Ele estava meio xarope."
Casado com uma doméstica, Souza conta que eles têm um filho, e a mulher está grávida de oito meses.
"Já liguei para ela antes que a notícia chegue pela TV."
Apesar do cotidiano arriscado, o motoboy, que costuma rodar cerca de 160 km por dia, diz que nunca sofreu um acidente no trânsito. Nem foi assaltado.
Na delegacia, um rapaz forte e careca parece aguardar notícias de Gracie. É amigo dele? "Sou", responde, reticente, e vai saindo sem dizer mais nada.
"Prefiro não falar." Um outro jovem com as mesmas características chega perguntando por Gracie, mas diz que é apenas curioso.
"Prenderam o Flávio Maluf?", quer saber um senhor de passagem, este sim, curioso.


Colaborou CAROLINA FARIAS, da Folha Online


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