São Paulo, terça, 15 de dezembro de 1998

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CASO DINIZ
Sequestradores internados no HC já rejeitaram 690 refeições; TJ julga hoje redução de penas
Lalo de Almeida/Folha Imagem
Familiares de sequestradores de Diniz fazem pequena manifestação em frente ao Hospital das Clínicas


Presos estão com desnutrição aguda

MALU GASPAR
da Reportagem Local

Os sequestradores do empresário Abílio Diniz, que completam hoje 29 dias em greve de fome, estão com desnutrição aguda, segundo o Hospital das Clínicas de São Paulo, onde estão internados.
Isso significa que o organismo deles já consumiu toda a gordura disponível e agora consome proteína e gordura dos músculos.
Conforme a desnutrição for se acentuando, o sistema nervoso dos sete homens e uma mulher que estão sem comer, tomando apenas água, se ressente e a pessoa começa a ficar confusa e letárgica, podendo chegar à inconsciência.
Desde que chegaram ao HC, há 18 dias (a chilena Maria Emília está no HC há 12), os sequestradores já recusaram 690 refeições. Todos os dias, os enfermeiros do hospital oferecem aos presos as cinco refeições normais do dia. Todos os dias, eles se negam a comer e só tomam água.
Ontem, o chileno Sérgio Urtubia começou a repor, com medicamentos, a deficiência de sódio e de potássio. Conforme sua gravidade, a deficiência de potássio pode provocar até uma parada cardíaca.
Assim como Urtubia, a chilena Maria Emília Marchi e o brasileiro Raimundo Costa Freire já repõem sódio e potássio desde sábado.
O HC esclareceu ontem que a reposição desses nutrientes não é suficiente para que o organismo dos presos funcione bem a longo prazo. Eles ainda podem ter complicações como hipoglicemia -queda acentuada de açúcar no organismo- e infecções.
Eles decidiram repor esses nutrientes por um acordo com o hospital, depois que uma liminar concedida pela 12ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo autorizou os médicos do HC a tratar os presos mesmo que não quisessem, utilizando, se preciso, ajuda policial.
Os sequestradores reivindicam a expulsão dos estrangeiros e o indulto ao brasileiro, prerrogativas do presidente da República.

Julgamento
Ontem, a Vara das Execuções Criminais de São Paulo negou o pedido do brasileiro Raimundo Freire para cumprir pena em regime semi-aberto. Até agora, seis pedidos já foram negados.
O julgamento que decide sobre a redução das penas dos sequestradores de Abílio Diniz, marcado para hoje, tem grandes chances de ser adiado pela terceira vez.
A Folha apurou que há uma indisposição do tribunal contra declarações do presidente Fernando Henrique, na semana passada, que afirmou que a solução para a greve de fome dependia da Justiça.



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