São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Líder petista afirma que prefeitura deve propor acordos com credores privados e União para não parar a cidade

Lula defende renegociação da dívida de SP
Joege Araújo/Folha Imagem
O líder nacional do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, com a prefeita Marta Suplicy no Palácio das Indústrias, sede da prefeitura de São Paulo



ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu ontem que a prefeitura de São Paulo atrase o pagamento de suas dívidas, se necessário para não parar a cidade, e renegocie acordos com fornecedores e a União.
"É preciso chamar as pessoas e dizer: "Olha, se eu não posso pagar agora, paciência. Nós reconhecemos uma dívida e vamos pagar mais para a frente'", disse Lula, ao sair do Palácio das Indústrias.
Ele fez, ontem às 17h30, sua primeira visita à prefeita Marta Suplicy. Foi um encontro de cerca de 40 minutos. Segundo Lula, "uma visita de cortesia", na qual falaram da administração e não tocaram em sucessão presidencial.
Lula defendeu o secretário municipal das Finanças, João Sayad, que disse ser impossível pagar a renegociação feita entre o ex-prefeito Celso Pitta e o governo federal, no ano passado, que rolou R$ 10,5 bilhões em dívidas para pagar em 30 anos. Mas o acordo prevê o pagamento de R$ 2,1 bilhões até novembro de 2002.
"O Sayad não disse calote. Ele disse o mesmo que um pai em fevereiro que, depois de pagar contas e impostos, vê que não pode pagar a faculdade do filho. Nem por isso o filho vai deixar de estudar", afirmou Lula.
"Se uma prefeita da honradez e da credibilidade da Marta, se um secretário da honradez do João Sayad constatam que o acordo não pode ser cumprido porque a prefeitura não terá dinheiro para mais nada, eu penso que o presidente da República deveria levar em consideração. Porque o povo de São Paulo ainda é o povo que produz 40% de toda a riqueza nacional", afirmou.
Lula disse, entretanto, que não basta apenas reclamar, e o PT deve mostrar serviço.
"Obviamente que não basta falar: "Bom, não tem dinheiro, então está tudo acabado". Não, porque nós sabíamos disso antes das eleições", afirmou.
"Temos que provar que, com pouco dinheiro, mas com vontade política e muita honestidade, poderemos fazer mais do que foi feito nos últimos oito anos."
Lula disse que São Paulo é a cidade mais importante do país, mas não foi à posse de nenhum prefeito porque estava em férias.
"Eu estava devendo uma visita à prefeita e pretendo visitar, neste mês, prefeituras do ABC, Guarulhos, Campinas, Araraquara, São Carlos e depois prefeituras em outras partes do Brasil."
O líder petista negou que estivesse começando, com as visitas, sua campanha a presidente em 2002. "Não estou candidato. Foi uma visita de cortesia."
Ele disse que pretende em março convidar prefeitos das cidades com mais de 200 mil habitantes para discutir segurança pública.
"Obviamente, se queremos discutir segurança pública, não vamos ficar escolhendo o partido do prefeito. Podemos conversar com o César Maia (PTB, prefeito do Rio), com prefeitos do PFL, do PPB...", disse Lula.

Nepotismo
Na opinião do presidente de honra do PT, não houve nepotismo (prática de empregar parentes no serviço público) por parte do prefeito petista do Recife, João Paulo, ao empregar a mulher na administração municipal.
"A mulher do João Paulo já era funcionário pública, portanto foi um remanejamento. Talvez não fosse necessário, mas não pode ser visto como nepotismo, porque ela já trabalhava na máquina pública", disse Lula.
"Não confundo isso com transformar a prefeitura em um cabide de emprego."


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