São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

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BARBARA GANCIA

Para ser o anti-Kirchner

Foi só Colin Powell dedicar mais de um minuto ao Brasil em uma coletiva que eu já fiquei com a pulga atrás da orelha. Desde quando o secretário de Estado norte-americano se interessa pelo que se passa no nosso país?
Em outros tempos, a determinação de um juiz de Mato Grosso, de identificar e fotografar os norte-americanos que entram no Brasil, não seria nunca tratada publicamente pelo Departamento de Estado.
No máximo, por envolver os interesses dos portadores de passaportes estadunidenses, a questão seria encaminhada a algum "sub do sub". Ou será que alguém acha que o Brasil tem alguma relevância na política externa dos EUA?
Na condição de jornalista, desde 11 de setembro de 2001, virou rotina para mim receber denúncias de maus-tratos sofridos por brasileiros na entrada dos EUA. São relatos assustadores, de pessoas que foram aos Estados Unidos para trabalhar ou participar de algum congresso, e acabaram detidas e jogadas incomunicáveis em uma cela.
Os EUA argumentam que o passaporte tapuia pode ser facilmente falsificado. De fato, inspecionei o meu e o único código de barra que encontrei foi o que consta do visto norte-americano. Além disso, existem outras considerações: os muitos brasileiros que entram ilegalmente nos EUA e o fato de que, por ser um país multirracial, corremos o risco de ver um terrorista do Sudão ou da Indonésia se passar por brazuca.
Em geral, só países da União Européia, mais Japão e Austrália, estão dispensados do visto. Pois, sabendo disso tudo, por que Lula insistiu em levar pessoalmente a questão a Bush? Ao colocar um assunto secundário na pauta da conversa entre chefes de Estado, ele não estaria desperdiçando cartuchos e correndo o risco de ter sua seriedade questionada pelos norte-americanos?
Não sei não, mas aquela pulguinha atrás da minha orelha está se agitando toda. Analise comigo. A fim de submeter a economia do país aos amargos remédios prescritos pelo Fundo Monetário, o presidente Lula precisa de duas coisas primordiais: tempo e popularidade em alta. Mas, se o tratamento que o FMI deseja ministrar irá impor sacrifícios cada vez mais insuportáveis aos brasileiros, de onde o presidente pretende tirar os altos índices de aprovação de que necessita?
Bem, é aí que entram lances espetaculares como a determinação assinada por um juiz de Mato Grosso e o jogo de cena de dois governos que se desentendem para distrair a platéia.

QUALQUER NOTA

Poluição sonora
De que serve o Psiu, órgão que deveria fiscalizar o excesso de barulho? Essa é a pergunta que os moradores da Vila Olímpia se fazem há dois anos. As queixas protocoladas no Psiu nesse período, reclamando da falta de revestimento acústico nos bares da região, foram ignoradas.

Revolucionário?
Do Japão, Ricardo Dívila, projetista do F-1 Coopersucar, envia fotos do Brabham que disputou, com Johnny Rutherford, a Indy 500 em 1972. Apelidado de "fita durex", o carro tem exatamente o mesmo bico que o novo modelo da Williams-BMW, que está causando tanto alvoroço.

E-mail - barbara@uol.com.br
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