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BARBARA GANCIA
Para ser o anti-Kirchner
Foi só Colin Powell dedicar
mais de um minuto ao Brasil
em uma coletiva que eu já fiquei
com a pulga atrás da orelha. Desde quando o secretário de Estado
norte-americano se interessa pelo
que se passa no nosso país?
Em outros tempos, a determinação de um juiz de Mato Grosso,
de identificar e fotografar os norte-americanos que entram no
Brasil, não seria nunca tratada
publicamente pelo Departamento
de Estado.
No máximo, por envolver os interesses dos portadores de passaportes estadunidenses, a questão
seria encaminhada a algum "sub
do sub". Ou será que alguém acha
que o Brasil tem alguma relevância na política externa dos EUA?
Na condição de jornalista, desde 11 de setembro de 2001, virou
rotina para mim receber denúncias de maus-tratos sofridos por
brasileiros na entrada dos EUA.
São relatos assustadores, de pessoas que foram aos Estados Unidos para trabalhar ou participar
de algum congresso, e acabaram
detidas e jogadas incomunicáveis
em uma cela.
Os EUA argumentam que o
passaporte tapuia pode ser facilmente falsificado. De fato, inspecionei o meu e o único código de
barra que encontrei foi o que
consta do visto norte-americano.
Além disso, existem outras considerações: os muitos brasileiros
que entram ilegalmente nos EUA
e o fato de que, por ser um país
multirracial, corremos o risco de
ver um terrorista do Sudão ou da
Indonésia se passar por brazuca.
Em geral, só países da União
Européia, mais Japão e Austrália,
estão dispensados do visto. Pois,
sabendo disso tudo, por que Lula
insistiu em levar pessoalmente a
questão a Bush? Ao colocar um
assunto secundário na pauta da
conversa entre chefes de Estado,
ele não estaria desperdiçando
cartuchos e correndo o risco de ter
sua seriedade questionada pelos
norte-americanos?
Não sei não, mas aquela pulguinha atrás da minha orelha está se
agitando toda. Analise comigo. A
fim de submeter a economia do
país aos amargos remédios prescritos pelo Fundo Monetário, o
presidente Lula precisa de duas
coisas primordiais: tempo e popularidade em alta. Mas, se o tratamento que o FMI deseja ministrar
irá impor sacrifícios cada vez
mais insuportáveis aos brasileiros, de onde o presidente pretende
tirar os altos índices de aprovação
de que necessita?
Bem, é aí que entram lances espetaculares como a determinação
assinada por um juiz de Mato
Grosso e o jogo de cena de dois governos que se desentendem para
distrair a platéia.
QUALQUER NOTA
Poluição sonora
De que serve o Psiu, órgão que
deveria fiscalizar o excesso de
barulho? Essa é a pergunta que
os moradores da Vila Olímpia
se fazem há dois anos. As queixas protocoladas no Psiu nesse
período, reclamando da falta de
revestimento acústico nos bares da região, foram ignoradas.
Revolucionário?
Do Japão, Ricardo Dívila, projetista do F-1 Coopersucar, envia fotos do Brabham que disputou, com Johnny Rutherford, a Indy 500 em 1972. Apelidado de "fita durex", o carro
tem exatamente o mesmo bico
que o novo modelo da Williams-BMW, que está causando tanto alvoroço.
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia
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