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JUVENTUDE ENCARCERADA
De madrugada, 387 agentes recém-treinados foram colocados no lugar dos funcionários de 5 complexos
Alckmin mede forças e greve na Febem é antecipada
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo Geraldo Alckmin
(PSDB) fez na madrugada de ontem uma operação para medir
forças com os servidores da Febem de São Paulo, medida que
antecipou a greve da categoria
programada para terça-feira.
Numa ação surpresa, a administração estadual convocou 387
agentes recém-treinados durante
45 dias e determinou a estréia deles no controle de cinco complexos -Tatuapé, Vila Maria, Raposo Tavares, Brás e Franco da Rocha, que abrigam 4.500 internos,
mais de 70% do total no Estado.
A entrada do grupo nas unidades foi acompanhada da retirada
dos 515 funcionários em serviço.
Não houve critério de seleção. Todos saíram. Muitos se revoltaram.
"Foi para demonstrar que quem
manda na Febem é o governo do
Estado. Foi uma preparação para
uma eventual greve total", afirmou Alexandre de Moraes, secretário de Justiça, nomeado presidente da Febem em agosto.
A paralisação a partir de terça
havia sido anunciada ontem pelo
sindicato dos servidores, como
uma reação à prisão pedida pelo
governo do Estado de 23 funcionários da Vila Maria (zona norte),
acusados de torturar os menores.
A operação surpresa levou a entidade a realizar uma assembléia
ontem de manhã e anunciar, por
volta das 11h, que a greve começava naquele momento. O diretor
do sindicato Antônio Gilberto da
Silva afirmou que os novos agentes estavam apavorados. "Os caras não estavam preparados, vão
acabar morrendo lá dentro."
O secretário de Alckmin e presidente da Febem disse que todo
mundo que fizer greve será demitido, porque considera a mobilização "ilegal" e "abusiva", "para
defender torturadores".
Pela manhã, a gestão Alckmin
determinou a normalização dos
serviços por quem entrava no novo turno nos cinco complexos.
Moraes negou que tenha sido um
recuo pela falta de controle.
Afirmou que, considerando todos os turnos, um total de 600
agentes de segurança e 300 de
educação recém-treinados se juntou aos demais 9.000 funcionários
da Febem, que serão divididos e
separados nessas duas funções.
Os novos servidores, que vão
passar por sistema de rodízio nas
unidades, custarão R$ 17 milhões
anuais ao Estado. O secretário diz
que foram gastos R$ 21 milhões
no ano passado com hora extra.
"Eles certamente não têm a experiência dos bons funcionários,
mas não têm os vícios dos maus",
disse Moraes. Ele citou uma publicação de ontem do "Diário Oficial" autorizando a Febem a eliminar cargos, além da contratação emergencial por 180 dias.
O secretário disse não acreditar
que as mudanças na Febem causem intranqüilidade. Negou que a
retirada dos funcionários de madrugada tenha sido desrespeitosa,
abrangendo até aqueles considerados bons agentes. "Tenho certeza que eles vão entender."
Depois das medidas anunciadas
por Moraes e do anúncio da greve
no final da manhã, ao menos quatro das 39 unidades da Febem
-duas do Tatuapé e duas de
Franco da Rocha- tinham clima
de tensão durante a tarde, já que
muitos dos funcionários estavam
parados e não havia novos agentes em quantidade equivalente.
Ontem à tarde, na Febem Tatuapé, um grupo de monitores
tentava convencer os funcionários novos a não entrar no local,
pois haveria risco de rebelião.
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