São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Na volta para casa, morador encontra lama e barata

Parte dos 15,5 mil desalojados pela chuva volta para casa

MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PERUÍBE

VERIDIANA SEDEH
DA AGÊNCIA FOLHA

Três dias após o Estado de São Paulo ter sido atingido por um temporal que deixou quatro mortos, parte das cerca de 15,5 mil pessoas que abandonaram as suas casas no litoral sul e nos vales do Paraíba e do Ribeira tentou deixar a casa de parentes e abrigos e voltar ao seu lar. Muitos não conseguiram.
Em Peruíbe (130 km de São Paulo), onde foi decretado estado de calamidade pública, a desempregada Cléo dos Santos Moura, 22, que mora no bairro Caraguava -um dos mais atingidos pela inundação- com outras nove pessoas, encontrou muita lama, sujeira, baratas e até um peixe vivo dentro de casa. Não voltou.
Moura disse que limpou a casa e separou as coisas que jogará fora. "Não há condições de dormir aqui, porque já não tem cama. [Vamos voltar] provavelmente na sexta." Enquanto isso, ficará na casa de uma irmã.
A intensidade das chuvas diminuiu, e não foi registrada nenhuma ocorrência grave ontem, de acordo com a Defesa Civil do Estado. Mas a previsão é de pancadas de chuvas até sábado, segundo o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos).
O governo de São Paulo anunciou ontem que uma força-tarefa foi criada. A Codasp (Companhia de Desenvolvimento Agrícola), por exemplo, ajudará as prefeituras a reconstruir as estradas rurais.
A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil aguarda um levantamento das prefeituras para calcular os recursos a serem liberados pelo governo.
A Sabesp trabalha para restabelecer o fornecimento de água, e o Departamento de Estradas de Rodagem atua na região do Vale do Ribeira para a recuperação de trechos de estradas atingidas pela queda de barreiras, como a SP-193.

Animais mortos
A auxiliar de limpeza Elisete Imaculada Lopes, 29, está com os cinco filhos e outras duas crianças da família em um dos alojamentos de Peruíbe. Ela também tentou ir embora ontem, mas não conseguiu.
A casa em que mora com o marido, no Jardim Veneza, estava cheia de animais mortos e não tinha água para lavar as coisas. Ela perdeu eletrodomésticos, móveis e uma TV de 29 polegadas, que ainda não acabou de pagar.
Ainda há pessoas nos alojamentos da cidade. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, foram arrecadadas 10 mil peças de roupa, cerca de 20 toneladas de alimentos, 600 colchões, 400 cestas básicas e 400 cobertores.
O secretário municipal da Saúde, Antônio Carlos Bianchi da Silva, diz que não há necessidade de vacinação em massa, inclusive contra tétano. "Depois de uma enchente [como essa], a vacinação é inócua."
As prefeituras dos municípios mais afetados pelas chuvas no Vale do Ribeira nos últimos dias também dizem que os desalojados estão limpando as suas casas, e, aos poucos, a situação se normaliza. Ainda não há estimativa dos prejuízos.
Na zona rural de Jacupiranga (260 km de São Paulo, no Vale do Ribeira), seis dos oito bairros estavam ilhados devido a danos nas estradas e ao rompimento de pontes. A rodovia SP-193, que liga a cidade a Eldorado, continuava interditada.
Na mesma região, em Cajati (219 km de São Paulo), onde também foi decretado estado de calamidade pública, a inundação acabou, e os mais de 5.000 desalojados estão voltando para retirar a lama das casas. A exemplo de Peruíbe, a estimativa é que os prejuízos na cidade cheguem a R$ 5 milhões.


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