São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Martha Engelbert, a eterna secretária

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não houve, entre os milhares de alunos formados até 1992 pelo colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, quem não tivesse conhecido de perto a "senhora" Martha Engelbert. Por seu crivo de secretária-geral não escapava nem o comprimento das saias das professoras.
Martha nasceu em Colônia, Alemanha, e veio para o Brasil em 1933, no começo do governo de Getúlio Vargas. Tinha 21 anos e a função de ajudar na adequação da Deutsche Schule São Paulo, para que fosse reconhecida pelo governo.
Organizou documentos e o atendimento a inspetores -e em 1935 nascia o Ginásio Brasileiro-Alemão, hoje Visconde de Porto Seguro, onde passou a trabalhar.
Quem dela arrancasse um sorriso tinha o dia ganho e ouvia histórias sobre as dificuldades de diretores e funcionários durante a Segunda Guerra Mundial -sempre com datas e nomes exatos.
Os cabelos estavam sempre sob a boina e a saia não subia os joelhos -quando a minissaia ganhava os colégios nos anos 1960, ela checava o comprimento das roupas das professoras, os penteados e maquiagens, "controlando e cerceando o que considerava abuso".
Não faltava um dia -o colégio "era a família e a vida" de quem não tinha parentes no Brasil. Até que, aos 80 anos e após 57 de dedicação ao colégio, ela se aposentou, conheceu um homem "perfeito" e casou. Mas a relação não durou muito.
Recentemente, foi internada com pneumonia. E na quinta morreu devido a complicações. Tinha 96.


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