|
Texto Anterior | Índice
Martha Engelbert, a eterna secretária
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não houve, entre os milhares de alunos formados até
1992 pelo colégio Visconde
de Porto Seguro, em São
Paulo, quem não tivesse conhecido de perto a "senhora"
Martha Engelbert. Por seu
crivo de secretária-geral não
escapava nem o comprimento das saias das professoras.
Martha nasceu em Colônia, Alemanha, e veio para o
Brasil em 1933, no começo
do governo de Getúlio Vargas. Tinha 21 anos e a função
de ajudar na adequação da
Deutsche Schule São Paulo,
para que fosse reconhecida
pelo governo.
Organizou documentos e o
atendimento a inspetores -e
em 1935 nascia o Ginásio
Brasileiro-Alemão, hoje Visconde de Porto Seguro, onde
passou a trabalhar.
Quem dela arrancasse um
sorriso tinha o dia ganho e
ouvia histórias sobre as dificuldades de diretores e funcionários durante a Segunda
Guerra Mundial -sempre
com datas e nomes exatos.
Os cabelos estavam sempre sob a boina e a saia não
subia os joelhos -quando a
minissaia ganhava os colégios nos anos 1960, ela checava o comprimento das roupas das professoras, os penteados e maquiagens, "controlando e cerceando o que
considerava abuso".
Não faltava um dia -o colégio "era a família e a vida"
de quem não tinha parentes
no Brasil. Até que, aos 80
anos e após 57 de dedicação
ao colégio, ela se aposentou,
conheceu um homem "perfeito" e casou. Mas a relação
não durou muito.
Recentemente, foi internada com pneumonia. E na
quinta morreu devido a complicações. Tinha 96.
Texto Anterior: Mortes Índice
|