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ALAGOAS
516 pessoas da periferia de Teotônio Vilela foram internadas desde o início do ano devido a contaminação de poços por fezes
Água contaminada leva 10 bebês à morte
ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ
A contaminação da água de poços da periferia de Teotônio Vilela
(AL) provocou a internação de
516 pessoas e a morte de dez bebês
entre 1º de janeiro e ontem.
As crianças, subnutridas, não
resistiram à diarréia provocada
pela água contaminada. As mortes se concentraram nos bairros
Maracaju e Futuro, onde a maioria da população está desempregada.
Os dados sanitários do município são alarmantes. A metade da
população toma água de poço, e
apenas 11,47% dos moradores
consomem água tratada. A cidade
tem cerca de 37 mil habitantes.
Quinze crianças com menos de
um ano estavam internadas ontem no hospital da cidade, a Unidade Mista Nossa Senhora das
Graças. Com sete meses e apenas
três quilos, o que denota um quadro de desnutrição aguda, Cláudio Silva era o paciente em pior situação clínica no local.
A confirmação de que as mortes
foram provocadas pela contaminação da água foi divulgada anteontem pelo Laboratório Central
de Alagoas. A água da maioria dos
815 poços está contaminada por
fezes das fossas, construídas muito próximas ao veio d'água subterrâneo.
Há casos em que existe a presença de 70 coliformes fecais para
cada 100 ml de água, quando o suportável para o consumo humano
é de 2/100 ml.
Há fossas construídas a menos
de dois metros dos poços, quando
o recomendável é uma distância
mínima de 15 metros, segundo a
secretária da Saúde do município,
Isabel Borges.
Ela credita as mortes ao abandono da saúde pública praticado
pela última administração municipal. "Estamos pensando até em
responsabilizar judicialmente a
equipe e o prefeito anterior pelas
mortes", disse Isabel.
Outro lado
O ex-prefeito José Gomes não
foi localizado ontem pela reportagem. Em sua casa, informaram
que ele estava viajando.
Ainda segundo a secretária, o
principal problema foi o fato de os
59 agentes de saúde do município
não terem trabalhado durante o
último semestre do ano passado.
Assim, de acordo com Isabel,
não houve nenhum tipo de controle nem a distribuição de hipoclorito de sódio para eliminar as
bactérias da água.
Ontem, a Secretaria da Saúde do
Estado, que considera o surto
preocupante, enviou uma equipe,
remédios e hipoclorito de sódio
ao município. As crianças também começaram a receber quatro
tipos de vacina e vitamina A.
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