São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2001

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ALAGOAS

516 pessoas da periferia de Teotônio Vilela foram internadas desde o início do ano devido a contaminação de poços por fezes

Água contaminada leva 10 bebês à morte

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

A contaminação da água de poços da periferia de Teotônio Vilela (AL) provocou a internação de 516 pessoas e a morte de dez bebês entre 1º de janeiro e ontem.
As crianças, subnutridas, não resistiram à diarréia provocada pela água contaminada. As mortes se concentraram nos bairros Maracaju e Futuro, onde a maioria da população está desempregada.
Os dados sanitários do município são alarmantes. A metade da população toma água de poço, e apenas 11,47% dos moradores consomem água tratada. A cidade tem cerca de 37 mil habitantes.
Quinze crianças com menos de um ano estavam internadas ontem no hospital da cidade, a Unidade Mista Nossa Senhora das Graças. Com sete meses e apenas três quilos, o que denota um quadro de desnutrição aguda, Cláudio Silva era o paciente em pior situação clínica no local.
A confirmação de que as mortes foram provocadas pela contaminação da água foi divulgada anteontem pelo Laboratório Central de Alagoas. A água da maioria dos 815 poços está contaminada por fezes das fossas, construídas muito próximas ao veio d'água subterrâneo.
Há casos em que existe a presença de 70 coliformes fecais para cada 100 ml de água, quando o suportável para o consumo humano é de 2/100 ml.
Há fossas construídas a menos de dois metros dos poços, quando o recomendável é uma distância mínima de 15 metros, segundo a secretária da Saúde do município, Isabel Borges.
Ela credita as mortes ao abandono da saúde pública praticado pela última administração municipal. "Estamos pensando até em responsabilizar judicialmente a equipe e o prefeito anterior pelas mortes", disse Isabel.

Outro lado
O ex-prefeito José Gomes não foi localizado ontem pela reportagem. Em sua casa, informaram que ele estava viajando.
Ainda segundo a secretária, o principal problema foi o fato de os 59 agentes de saúde do município não terem trabalhado durante o último semestre do ano passado.
Assim, de acordo com Isabel, não houve nenhum tipo de controle nem a distribuição de hipoclorito de sódio para eliminar as bactérias da água.
Ontem, a Secretaria da Saúde do Estado, que considera o surto preocupante, enviou uma equipe, remédios e hipoclorito de sódio ao município. As crianças também começaram a receber quatro tipos de vacina e vitamina A.


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