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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

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O PRIMEIRO GOLE

Para fabricantes, misturas alcoólicas, surgidas na década de 80, irão se firmar agora com os grupos empresariais

Grandes empresas impulsionam fenômeno

DA REPORTAGEM LOCAL

A "onda" das misturas alcoólicas, agora, veio para ficar, avaliam fabricantes, por causa das grandes empresas que estão por trás do fenômeno, como Diageo (controladora das marcas Johnnie Walker One e Smirnoff Ice), Seagram do Brasil Pernod Ricard (Orloff Ice), Allied Domecq (Teacher's Guaraná), Grupo Tatuzinho (First Ice, Velho Barreiro Caipirinha Ice) e Companhia Müller (5! Ice).
No início da década de 80, pequenas empresas lançaram os "coolers" no Brasil, misturas gaseificadas a base de vinho, mas o sucesso foi passageiro.
Para o gerente de produtos destilados brancos da Seagram do Brasil Pernod Ricard, Douglas Tsukimoto, as empresas tendem a manter os produtos em alta porque investiram na "educação" do consumidor, o ensinando a apreciar a bebida adequadamente: muito geladas e na garrafinha.
O foco, dizem produtores, são consumidores com mais de 18 anos e alto poder aquisitivo. Mas Cesar Rosa, presidente do Grupo Tatuzinho, produtor da First Ice, reconhece que a preferência é por jovens. Os números do mercado internacional, que indicavam que há pouco mais de quatro anos as "ices" tinham obtido 4% do mercado de cervejas, impulsionaram o investimento da empresa, diz.
"O objetivo é oferecer uma alternativa com baixo teor alcoólico", diz Tsukimoto. Ele nega que a indústria queira novos bebedores jovens, iniciá-los para atraí-los para a "marca mãe" -a vodca Orloff, base da Orloff Ice (mistura de água gaseificada com o destilado, mais o sabor de limão).
A Seagram, diz ele, tem um código de conduta "mais rígido que a lei", pois "não faz propaganda ligada a nenhum esporte". A lei veta só a propaganda de destilados associada a esporte olímpico. Mas reconhece que os esforços no país para prevenir danos são tímidos. "Nos EUA, há programas que estimulam que haja o "condutor da noite" [que não bebe e dirige"."
Para Rosa, "há a conscientização do consumidor". "Senão não estaria caindo o consumo [mundial de álcool". Se entrarmos com nosso produto na casa noturna e houver menor, vamos embora."
Segundo estudo sobre o marketing de álcool para jovens apresentado por Ilana Pinsky à Organização Mundial da Saúde em maio de 2002, a indústria do álcool no país praticamente não faz nada para evitar danos. Ela diz que só a Diageo tem alguns projetos, como treinar barmen, mas com verba baixíssima (a estimativa da empresa de gastos, segundo ela, era de R$ 270 mil para 2002). Procurados, os demais fabricantes citados não se manifestaram.


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