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O PRIMEIRO GOLE
Para fabricantes, misturas alcoólicas, surgidas na década de 80, irão se firmar agora com os grupos empresariais
Grandes empresas impulsionam fenômeno
DA REPORTAGEM LOCAL
A "onda" das misturas alcoólicas, agora, veio para ficar, avaliam
fabricantes, por causa das grandes
empresas que estão por trás do fenômeno, como Diageo (controladora das marcas Johnnie Walker
One e Smirnoff Ice), Seagram do
Brasil Pernod Ricard (Orloff Ice),
Allied Domecq (Teacher's Guaraná), Grupo Tatuzinho (First Ice,
Velho Barreiro Caipirinha Ice) e
Companhia Müller (5! Ice).
No início da década de 80, pequenas empresas lançaram os
"coolers" no Brasil, misturas gaseificadas a base de vinho, mas o
sucesso foi passageiro.
Para o gerente de produtos destilados brancos da Seagram do
Brasil Pernod Ricard, Douglas
Tsukimoto, as empresas tendem
a manter os produtos em alta porque investiram na "educação" do
consumidor, o ensinando a apreciar a bebida adequadamente:
muito geladas e na garrafinha.
O foco, dizem produtores, são
consumidores com mais de 18
anos e alto poder aquisitivo. Mas
Cesar Rosa, presidente do Grupo
Tatuzinho, produtor da First Ice,
reconhece que a preferência é por
jovens. Os números do mercado
internacional, que indicavam que
há pouco mais de quatro anos as
"ices" tinham obtido 4% do mercado de cervejas, impulsionaram
o investimento da empresa, diz.
"O objetivo é oferecer uma alternativa com baixo teor alcoólico", diz Tsukimoto. Ele nega que
a indústria queira novos bebedores jovens, iniciá-los para atraí-los
para a "marca mãe" -a vodca
Orloff, base da Orloff Ice (mistura
de água gaseificada com o destilado, mais o sabor de limão).
A Seagram, diz ele, tem um código de conduta "mais rígido que
a lei", pois "não faz propaganda ligada a nenhum esporte". A lei veta só a propaganda de destilados
associada a esporte olímpico. Mas
reconhece que os esforços no país
para prevenir danos são tímidos.
"Nos EUA, há programas que estimulam que haja o "condutor da
noite" [que não bebe e dirige"."
Para Rosa, "há a conscientização do consumidor". "Senão não
estaria caindo o consumo [mundial de álcool". Se entrarmos com
nosso produto na casa noturna e
houver menor, vamos embora."
Segundo estudo sobre o marketing de álcool para jovens apresentado por Ilana Pinsky à Organização Mundial da Saúde em
maio de 2002, a indústria do álcool no país praticamente não faz
nada para evitar danos. Ela diz
que só a Diageo tem alguns projetos, como treinar barmen, mas
com verba baixíssima (a estimativa da empresa de gastos, segundo
ela, era de R$ 270 mil para 2002).
Procurados, os demais fabricantes citados não se manifestaram.
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